Marco Bellocchio, cineasta italiano que sempre acreditou nas causas políticas, celebra, em "Vincere", sua crença nas imagens que não temem ser arrebatadoras.
O filme, selecionado para a competição do Festival de Cannes no ano passado, vai às origens melodramáticas do cinema italiano para nos fazer reviver um momento histórico fundamental: o surgimento do fascismo. Mas a trama que Bellocchio traz à luz, com o apoio de imagens de arquivo, é aquela que os livros não imprimiram jamais.
"Vincere" acompanha os passos de Ida Dalser (Giovanna Mezzogiorno), que foi amante de Benito Mussolini (Filippo Timi) no momento em que o "Duce" era apenas um integrante do partido socialista.
A paixão entre os dois termina num filho e num rompimento brusco, cruel. É pelas trilhas da obsessão amorosa que Bellocchio nos conduzirá aos recantos mais sombrios da ideologia fascista.
Quase como Dalser, que é mandada para um hospital psiquiátrico, acompanharemos a política de Mussolini pelas frestas dos palácios. Feito sob a Itália de Silvio Berlusconi, o filme nos mostra que a arte, como as ideologias, pode ser grande mesmo quando tudo, ao seu redor, parece apequenado.
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