Não se preocupe: mesmo que você esteja desavisado, não tem como perder de vista a grande atração da 13ª edição da feira Naturebas, que será realizada em São Paulo nos dias 21 e 22 de junho, no pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera.
Lenda do movimento dos vinhos naturais francês, Jean-Pierre Robinot é uma figura de fácil reconhecimento, com um estilo próprio que inclui boné ou gorro, cabelos nos ombros, camisas estampadas, echarpe, botas e óculos ante os olhos azuis. Também são características sua eloquência e seu bom humor.
Um dos produtores mais renomados do Vale do Loire quando o assunto é vinho natural, Robinot é tido como pioneiro mas também vanguardista. Faz bebidas conhecidas por serem elétricas, vivas e complexas, com um caráter oxidativo. "Ele aposta em vinhos mais envelhecidos, que guarda em uma cave debaixo da montanha, uma coisa bem doida", conta Lis Cereja, fundadora da Naturebas.
Robinot tem o trabalho marcado pelo resgate de uvas autóctones do Loire e é considerado um produtor radical, por não usar nenhum tipo de insumo, por seu ativismo político pela agricultura limpa e pela defesa da expressão de seu território na bebida.
Antes de engarrafar qualquer vinho, foi dono de bar em Paris. É fundador da revista "Le Rouge et Le Blanc" e, em São Paulo, mostrará também sua versão fotógrafo. Antes mesmo da Naturebas, comanda degustação de três de seus rótulos e comenta suas fotografias noturnas de longa exposição no Cineclube Cortina, no dia 16/6.
Outras atrações imperdíveis da feira são os vinhos de Julia Kemper, que produz no que é considerada por muitos a Borgonha portuguesa, o Dão. Não deixe de provar uvas nativas como a branca encruzado e a tinta alfrocheiro.
O espanhol de Valência Mariano Taberner, da Bodega Cueva by Mariano, é dessas oportunidades que só a feira proporciona, pois nem importador no Brasil tem ainda. Seus rótulos são coloridos e divertidos, assim como seus vinhos — laranjas, claretes, borbulhantes ancestrais.
Do Chile, fique de olho na Clos Santa Ana, de Colchagua, que tem um único vinhedo de 1,4 hectare ao lado de um monastério convertido em hospedaria. São 8.000 garrafas por ano apenas de seis variedades de uvas. Repeteco do ano passado, o americano radicado na Geórgia John Wunderman, da Pheasant’s Tears, traz seus vinhos únicos que fermentam em ânforas subterrâneas, os qveri.
Ainda na programação, há grandes nomes do movimento no Brasil (Era dos Ventos, Arte da Vinha, Montaneus, cantina Mincarone, Vanessa Medin, Vivente, entre outros) e produtores de rótulos que viraram queridinhos por aqui (como Lazy Winemaker, Yumbel, Vinas Mora, Cacique Maravilla).
Para quem vai pela primeira vez à feira dou alguns conselhos, sendo o primeiro estar bem alimentado. O ingresso dá direito a uma taça e, com ela, você pode provar todas as garrafas abertas no pavilhão da Bienal. Beba também muita água. A feira dá a oportunidade de compra direta com o produtor ou importador, portanto vale levar uma ecobag ou mesmo uma mala de rodinha, a depender da sua sede.
Há também outros maravilhosos produtos, de queijos a azeites, passando por pães e conservas, além de bebidas como sidra (atenção ao francês Benoit Lessufleur, da Normandia), cerveja, hidromel e outros fermentados.
Priorize o que quer ver logo no começo. Historicamente, quanto mais cedo, mais vazia é a feira. Quanto mais tarde, mais cheia e confusa, pois os níveis alcoólicos dos visitantes fazem a diferença no fluxo da visitação.
Não dê mole porque ingressos esgotam dias antes, e já não há mais para o sábado. Se for o caso, a Feira Segunda Taça, com curadoria de Gabriela Monteleone no Futuro Refeitório dia 23/6, às 16h, é boa opção para ver nomes relevantes da cena, alguns que vêm exclusivamente para o evento.
Pavilhão da Bienal do Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Vila Mariana, região sul. Dias 21 e 22/6, das 13h às 18h (público geral). Ingressos: R$ 239 em feiranaturebas.com.br. @feiranaturebas
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