Descrição de chapéu Crítica alimentação
Restaurantes

Petit Pain faz cozinha de bistrô sem ostentação na Bela Vista

Chef nascido na Borgonha comanda restaurante de bairro que oferece clássicos franceses de forma despretensiosa

Uma das alegrias de passear pela França é tropeçar nos bistrôs. Apesar da pompa que o termo ganhou por aqui, tradicionalmente são restaurantes pequenos e familiares. Passar na frente desperta os sentidos, com aromas que atiçam a fome e convidam a entrar.

Quem já teve essa experiência resgata a lembrança ao caminhar na frente do Petit Pain & Cia, bistrô do chef Jacky Caillier, nascido na Borgonha, região centro-leste da França, e sua mulher, Luciana Carvalho.

A imagem mostra um prato de comida caseira em uma mesa com toalha xadrez azul e branca. O prato principal é uma carne com molho, acompanhada de cenouras e cebolas, servida em uma travessa de barro. Ao lado, há uma tigela com batatas fritas e uma cesta com pão. O ambiente parece ser um restaurante aconchegante.
Prato principal pato bourguignon sai por R$ 67 - Priscila Pastre/Folhapress

A música francesa em volume baixo que chega à calçada completa a cena. E fica difícil não entrar pra dar uma espiada. Lá dentro é tudo bem simples, com direito a toalhas de tecido plástico quadriculadas —o que acaba dando um ar de cantina italiana ao lugar— e a inusitada presença de uma máquina de lavar roupa no banheiro.

As taças dispostas nas mesas são um convite para ceder a um almoço com direito a vinho em plena quinta-feira. O endereço serve apenas rótulos franceses. Uma taça custa R$ 36. As garrafas, de R$ 169 a R$ 189.

E a cozinha faz uma culinária francesa nua e crua, marcada pelos longos tempos de preparo, muito sabor e, claro, muita manteiga.

Entre as entradas, a sopa de cebola (R$ 30) preenche o paladar. Dá para sentir que foi feita a partir da receita clássica, que envolve caramelizar as cebolas, deglacear com vinho, usar um bom caldo e gratinar.

A rillete de porco (R$ 38), espécie de patê, vem com pão de fermentação natural feito na casa que, aliás, nasceu como uma padaria artesanal. Num primeiro momento, a porção parece pequena. Mas a rillete, receita em que a carne cozinha lentamente em sua própria gordura, é robusto. E logo você percebe que o tamanho é suficiente.

De prato principal, o carro-chefe é o bouef bourguignon(R$ 52). Como a receita tinha acabado no dia da visita, a atendente sugeriu o pato bourguignon (R$ 67).

O preparo chegou despretensioso, numa tigelinha marrom bem básica. Mas bastou passar o garfo e sentir a carne desmanchando por cima do molho encorpado para notar o esmero.

Para chegar a um resultado como esse, são necessárias muitas horas entre marinar a carne e cozinhá-la com os legumes no vinho tinto. As batatas fritas estavam oleosas. Uma pena. É um prato forte, que pesa além da conta com um acompanhamento gorduroso demais.

O cardápio tem pratos veganos, como o escondidinho de jaca (R$ 33) e a ratatouille (R$ 33). Mas, se você se incomoda com os aromas do cozimento de carnes, este não é o melhor lugar para ir.

Antes de pagar —é preciso ir até o caixa— vale conferir a vitrine com pães e croissants que fica na entrada. Dá para comprar e levar. Há também os coloridos macarons (R$ 24 a embalagem com três unidades).

Como é difícil encontrar macarons realmente bons em São Paulo e a cozinha do Petit Pain é mais rústica, era improvável imaginar que ali eles surpreenderiam. A crítica se enganou. Estavam excelentes.

Crème brûlée serve para matar fome de docinho

Para finalizar, crème brûlée (R$ 17). Sob a casquinha caramelizada, um creme fluido e delicado. Vem pouco, fazendo mais o papel de um docinho para encerrar a refeição do que de uma sobremesa.

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais