"Sete Minutos Depois da Meia-Noite" pode parecer um filme infantil como tantos dos últimos tempos. Traz um bom garotinho como protagonista, atores veteranos que se divertem tanto quanto a plateia e um monstrão assustador, mas simpático. Tudo isso em um roteiro para fazer chorar. Mas o filme tem lá seus diferenciais.
O charme da produção pode estar em confrontar um personagem infantil, uma árvore falante e uma realidade barra-pesada para o menino Conor, que lida com sua mãe enfrentando um câncer terminal, a avó megera e bullying constante e cruel na escola.
Focado o dia a dia de Conor, seria um drama pesado. Mostrando apenas a história do garoto e seu monstro amigo, renderia uma fábula meio sem graça. Misturando as duas tramas, surge um filme bem acima da média, que talvez seja difícil para as crianças menores.
O livro que deu origem ao filme, de Patrick Ness, escritor americano radicado na Inglaterra, se tornou um best-seller consumido também por um público adulto, que captou nas histórias bizarras que a árvore-monstro conta a Conor algumas lições de vida. O filme do diretor espanhol J.A. Bayona acerta ao não dar tanta atenção a esses "ensinamentos" e destacar mais as questões práticas na vida conturbada do garoto.
O escocês Lewis MacDougall, que também participou de "Pan" (2015), tem os mesmos 13 anos do personagem e consegue transmitir o desamparo de Conor. O ator tem as melhores cenas quando encara a avó que não o suporta, interpretada por Sigourney Weaver. Outro veterano é Liam Neeson, que empresta sua voz ao monstro.
Quem faz o papel da mãe do menino é a onipresente Felicity Jones, que praticamente não sai mais das salas de cinema. Foi de um fracasso retumbante, Inferno, ao badalado "Rogue One: Uma História Star Wars".
Com um segredo insistente percorrendo a trama, "Sete Minutos Depois da Meia-Noite" não vai mudar a vida de ninguém, mas é um exemplo de bom cinema voltado a uma história intrigante. Vale a pena assistir e levar uma caixa de lenços de papel não é má ideia.
Avaliação: muito bom
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