Se há até pouco tempo atrás a comida orgânica tinha pecha de insossa ou parecia restrita ao nicho dos veganos e vegetarianos, o cuidado com a origem dos alimentos vem conquistando cada vez mais adeptos na gastronomia paulistana –e chega até a hamburguerias. Só neste ano, a cidade sediou grandes feiras, deu início a mais uma edição da OFF, a Restaurant Week da comida saudável, e ganhou pelo menos oito casas que valorizam os ingredientes orgânicos vindos de pequenos produtores, entre elas o Organique-se, o Maniva e o restaurante Bio –cuja proposta é minimizar o desperdício e que tem o chef Alex Atala entre seus sócios.
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"Desenvolvemos um menu que usa apenas ingredientes do dia e que ajuda os clientes a entenderem o valor que o alimento pode e deve ter", diz Atala.
Chefs badalados ajudam na popularização dos orgânicos e de termos até então pouco conhecidos, como as pancs (plantas alimentícias não convencionais). A argentina Paola Carosella é outra defensora da causa. Em seu Arturito, quase todas as verduras e legumes são orgânicos e vêm da Cooperapas, uma cooperativa de agricultores em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo. "Para mim, trata-se de uma questão social", diz.
O chef Ivan Ralston, do restaurante Tuju, que tem uma horta com 300 variedades de plantas, é categórico: "não dá para fazer comida boa sem saber a procedência do alimento".
Não faltam motivos para se preocupar com a origem dos alimentos que se consome: saúde, ambiente, sustentabilidade, questões sociais.
Seja qual for a sua motivação, confira aqui um roteiro com indicações de lugares para comer, comprar e plantar alimentos livres de agrotóxicos.
Entenda
O QUE SÃO OS ORGÂNICOS?
Para ser considerado orgânico, o produto deve seguir uma série de regras estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, como ser cultivado em ambiente que considere sustentabilidade social, ambiental e econômica e que valorize a cultura das comunidades rurais. Além disso, eles não devem utilizar agrotóxicos, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos em qualquer fase da produção.
E AQUELE SELINHO?
Para ser classificado como orgânico, o produto deve ter o selo do Ministério da Agricultura. O nome técnico da certificação é SisOrg (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica). Ele é obrigatório desde 2011.
E OS ALIMENTOS VENDIDOS DIRETAMENTE PELO PRODUTOR?
Muitas vezes, pequenos agricultores produzem alimentos de acordo com as regras listadas acima, mas não têm o SisOrg. Eles podem fazer a venda direta para o consumidor, além de tirar eventuais dúvidas sobre o processo de produção.
TODO PRODUTO ORGÂNICO VEM DE PRODUTOR LOCAL?
Todo produto orgânico vem de produtor local? Não. Produtos orgânicos podem vir de qualquer lugar. Mas quem se interessa por participar de cadeias de consumo sustentáveis normalmente dá preferência aos produtores locais.
O QUE SÃO AS PANCS?
A sigla significa plantas alimentícias não convencionais. São espécies como ora-pro-nobis e taioba, "esquecidas" no dia a dia, mas que podem ser comidas, sim.
Fontes: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Associação de Agricultura Orgânica (AAO)
PARA SABER MAIS
Mapa de Feiras Orgânicas
Mapamento de feiras orgânicas feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec): feirasorganicas.idec.org.br
Muda SP
O Muda é um movimento de incentivo à produção de alimentos sem agrotóxicos; no mapa, é possível encontrar hortas comunitárias, restaurantes, mercados e empórios dedicados à prática: muda.org.br/mapa-muda.html
Responsa
Aplicativo que mapeia locais e iniciativas que adotam práticas de consumo responsável (somente para Android): clique aqui
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