Quem passa pelo número 304 da rua General Jardim nota um novo adereço na calçada. Trata-se de um soundsystem analógico que segue o estilo dos tradicionais sistemas de som jamaicanos —e dita o tom do ambiente proposto pelo novo café da região central de São Paulo, o Stereo Café Co.
O empreendimento é fruto da parceria entre Akin Bicudo, 46, e Guilherme Kowalesky, 36. O primeiro, curador musical, é amante de café. O segundo é barista e amante de música. Juntos, uniram interesses e paixões.
"A gente tem uma relação com a música, a arte, a cultura de rua em geral. E a gente tem tentado aproximar esses assuntos aqui. Em torno da xícara acontecem muitas coisas que vão além do hábito de consumir café e é para isso que a gente está olhando", conta Bicudo.
O estabelecimento abriu no feriado da Consciência Negra, dia 20 de novembro, enchendo a calçada de apaixonados por café e música, que dançavam ao som do DJ Jean Pereira com suas xícaras de coado ou espresso na mão.
Cenas similares já foram registradas em coffee shops em Los Angeles e São Francisco, nos Estados Unidos, e publicadas em redes sociais como o TikTok. Mas Bicudo e Kowalesky afirmam que a inspiração, na verdade, veio dos bares de audição, lugares que as pessoas frequentam para ouvir boa música.
A proposta não é fazer do Stereo Café Co. um ambiente de festas, mas, sim, tornar a música parte do cotidiano. Ao passar na calçada ou frequentar o local, as pessoas ouvem uma seleção que circula por diversos gêneros —música brasileira, jamaicana, instrumental, jazz e rap oitentista já entraram na lista, por exemplo— e que é atualizada constantemente.
O comando do toca-discos fica por conta da própria equipe do café, mas os clientes podem checar o acervo de vinis e pedir por canções que constam na curadoria, se quiserem.
No cardápio, os cafés são as estrelas. O expresso (a partir de R$ 7) é feito com o grão de um fornecedor do sul de Minas Gerais. "Ele é o nosso carro chefe, digamos assim, o nosso café do dia a dia. A gente também vai ter os micro-lotes de uma relação de parceria com convidados", explica Kowalesky.
Nesses casos, ele e o sócio escolhem um fornecedor de grão e definem o perfil da torra, que fica disponível para os clientes temporariamente na versão coada (a partir de R$ 10). "Enquanto durarem os lotes e aí a gente vai renovando as parcerias", afirma. "No momento, a gente está trabalhando com um grão do Manana Cafés, lá de Curitiba", completa.
Também é possível comer. Entre as opções, há pão de queijo (R$ 8), pão na chapa (R$ 14), brownie (R$ 12) e fatias de bolo (R$ 20). Para quem quer outras bebidas além do café, o local vende Kiro (R$ 16), cerveja Heineken (R$ 12) e drinques clássicos, como o negroni (R$ 30) e o rabo de galo (R$ 22).
O estabelecimento também recebe as sessões Stereo. Na ocasião, um DJ convidado se apresenta com o toca-discos posicionado no balcão em frente à parede de vidro do café, de frente para a calçada.
Nesses dias, a máquina de expresso é desligada às 18h e dá espaço no cardápio para outras bebidas e comidas, como uma seleção de vinhos feita por convidados. Para isso, os sócios do café fazem parcerias com outros fornecedores de São Paulo —na inauguração, por exemplo, havia donuts do Fatz Delícias e conservas do Kaia.
"A intenção também é atuar nesse lugar de relações mais comunitárias mesmo. Em vez da gente começar a produzir o nosso próprio pão, a gente trabalha com uma pessoa que já faz isso, que tem um bom produto", explica Bicudo.
O mesmo pensamento fez com que ele e Kowalesky abrissem o café como um espaço para outras formas de arte. Nas paredes do local, há pinturas e fotografias, algumas delas expostas temporariamente, em um sistema de circulação de obras.
O estabelecimento também tem um pequeno acervo literário para os clientes acessarem enquanto estão tomando um café. Por fim, há uma pequena loja com produtos da marca de fotografia analógica Festival de Filmes Vencidos.
Na última semana do ano, o estabelecimento funciona normalmente —com exceção da terça (31) e da quarta (1), dias em que estará fechado.
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