Não há sinal de tensão diplomática no Aiô, restaurante de comida de Taiwan na região Sul de São Paulo. Ainda assim, muito do que se encontra no prato pode servir como alegoria das diferenças e disputas entre a pequena ilha e a gigantesca China, e é impossível não pensar no quanto a gastronomia pode ser uma representação da própria vida.
Ao apresentar a culinária asiática com toques de sofisticação e delicadeza, o Aiô se torna um contraponto ao que se convencionou chamar de comida chinesa em São Paulo. Enquanto nas casas mais populares da cidade comem-se pratos imensos e pesados, cheios de molhos à base de shoyu e açúcar, no Aiô domina o minimalismo em pequenas porções preparadas com tempero que parece mais criativo, delicado e marcante.
Símbolo disso é a salada de tomate (R$ 42), prato que tem se tornado o mais conhecido do restaurante. Apesar da descrição simples, frutos de diferentes tamanhos, formatos e cores se combinam com um molho complexo e picante, cheio de umami e de frescor.
A mesma sofisticação se encontra no crudo de peixe (R$ 55), preparado com o pescado fresco do dia (que era carapau no dia da visita). É servido com um molho encorpado que, embora intenso, não sobrepõe o sabor do peixe, mas complementa sua leveza.
Esses pratos com molho podem ser ainda mais bem aproveitados quando acompanhados de baos (R$ 9), pãezinhos leves como nuvens preparados no vapor.
Mas o prato mais interessante entre os experimentados foi o char siu de copa lombo (R$ 77). Belos pedaços de carne de porco grelhada e macia, com uma crosta bem temperada e um molho adocicado com mel, são servidos com pequenas panquecas (além de pepino) para serem comidas com as mãos. É um prato intenso e bem equilibrado, que lembra um pouco o serviço do pato laqueado chinês, mas com mais delicadeza do que se encontra normalmente fora da China.
De forma geral, as porções servidas no Aiô são bem pequenas, o que permite uma longa degustação —e o que pode encarecer a conta.
Comentários
Ver todos os comentários