Paraíso, em SP, vive explosão de novos restaurantes e cafés japoneses

Bairro na zona sul concentra parte da comunidade nipônica e ganha casas voltadas a esse público

Balcão do bar Kuromoon, no bairro do Paraíso, em São Paulo

Balcão do bar Kuromoon, no bairro do Paraíso, em São Paulo Gabriel Cabral/Folhapress

São Paulo

Caminhando pelas ruas, é possível ver placas escritas em japonês e norens, como são chamadas as pequenas cortinas penduradas na entrada de estabelecimentos no Japão. Só que não estamos na Liberdade, mas sim no Paraíso, bairro na zona sul paulistana que vive uma explosão de novos restaurantes, confeitarias e bares asiáticos.

Um dos endereços é o Kuromoon, bar que une as culinárias japonesa, a cargo de Fernando Kuroda, e coreana, sob batuta de Fabio Moon.

Ambiente do Kuromoon, bar japonês-coreano no Paraíso
Ambiente do Kuromoon, bar japonês-coreano no Paraíso - Gabriel Cabral/Folhapress

Desde que estreou, há cinco meses, a casa tem reservas esgotadas —também há atendimento por ordem de chegada— e virou até point de chefs, como Oscar Bosch, Telma Shiraishi, Benny Novak e Marcelo Correa Bastos.

Com jeito e decoração de boteco asiático, serve petiscos. A receita mais emblemática é o buta kimchi (R$ 18), espetinho japonês de barriga de porco que leva a conserva apimentada coreana. Para beber, há soju, destilado típico da Coreia do Sul, e saquês.

Os saquês também são destaque na Amay, confeitaria inaugurada em fevereiro. Especializada em doces sem açúcar, a casa é comandada por Aya Tamaki, que abriu uma importadora da bebida, a Mega Sake, com o marido na pandemia.

O fermentado é servido em torneiras e pode ser harmonizado com os doces japoneses, mais leves, como o choux cream de baunilha (R$ 15) e o bolo de matchá (R$ 26,90). A produção é feita em uma cozinha nos fundos, de onde saem cerca de 300 produtos por dia.

Tamaki, formada pela Le Cordon Bleu de São Paulo, é moradora do Paraíso, assim como muitos dos donos de outros estabelecimentos novos. Ela começou atendendo à comunidade oriental, mas hoje sua clientela tem mais brasileiros, que buscam sobremesas mais saudáveis.

Doces servidos na confeitaria Amay, no Paraíso
Doces servidos na confeitaria Amay, no Paraíso - Gabriel Cabral/Folhapress

Os doces leves também são oferecidos na Hakkopan, padaria que ganhou a primeira loja física em maio. Descendentes de japoneses, Andreia Yamane e Karin Yaegashi fazem pães, quitutes e bebidas em um sobrado de decoração fofa.

Os pães servem para montar os lanches ou podem ser levados para casa. Os mais pedidos são o shokupan (R$ 22; 550 g), tradicional de forma, e o melon pan (R$ 12; 70 g), com crosta de açúcar. Na ala doce, o ichigo shortcake (R$ 32) é um bolo de morango com chantili.

É possível provar chás na Mori Chazeria, inaugurada por Patricia Akemi em 2021, que serve a bebida no bule a partir de R$ 15,90.

A dez minutos dali chega-se ao Sozai Deli, que funciona como rotisseria e serve comida tradicional japonesa para levar ou comer no local. O endereço é campeão da categoria leve para casa d'O Melhor de São Paulo, especial da Folha.

Vitrines e geladeiras exibem massas e temperos, congelados e os bentôs, as marmitas orientais (a partir de R$ 56). Tohya Yamashita, o dono, trabalhou em restaurantes nipônicos até abrir o próprio negócio, há quase quatro anos.

Pratos vendidos no Sozai Deli, no Paraíso
Pratos vendidos no Sozai Deli, no Paraíso - Keiny Andrade/Folhapress

O lámen, receita representativa do país, tem seu espaço em casas como o Bimiya. O restaurante surgiu na pandemia pelas mãos de Flavio Niitsu, que começou fazendo a receita em casa. Entre seus clientes, estão executivos japoneses que trabalham na região da avenida Paulista.

De fato, o bairro reúne filiais de empresas do país asiático, que se instalaram no Brasil a partir da década de 1980, como a Casio, a Hitachi e a matriz do Kumon na América Latina, que atraíram expatriados.

É o que explica o arquiteto Otávio Hosokawa, um dos fundadores da Associação Viva Paraíso e morador do bairro há mais de 40 anos. "Ao longo do tempo, o Paraíso foi se tornando um bairro de moradia de executivos japoneses e também da colônia."

Restaurantes e bares surgiram ali sobretudo na última década, para atender a esse público e descendentes que vivem na região e nas proximidades de Aclimação e Vila Mariana. "É um bairro que está crescendo muito em relação à gastronomia asiática", diz a dona da confeitaria Amay.

Uma das casas de lámens pioneiras, a Jojo Ramen foi aberta no Paraíso em 2016. A dona, Simone Xirata, trouxe um mestre do Japão para formular as receitas. "Escolhemos essa região para ter um público. Como tem muitos expatriados, isso seria uma forma de validação se eles gostassem do nosso lámen", diz. O local virou referência, ganhou duas filiais e segue disputado.

O carro-chefe é o macarrão com caldo temperado com missô (R$ 56). O bairro também é conhecido por concentrar izakayas, os botecos tradicionais do Japão. Entre eles, estão o Kinboshi, do mesmo dono do Kuromoon, o Cocoro e o Yorimichi.

Mas nem só de novidades asiáticas vive a região. O Bar dos Cravos leva coquetelaria para fora do eixo Pinheiros e Itaim Bibi. O espaço foi aberto em maio por cinco sócios, entre eles, Arnaldo Altman, fundador do Filial e Genésio.

Balcão do Bar dos Cravos, no Paraíso
Balcão do Bar dos Cravos, no Paraíso - Gustavo Mendes/Divulgação

No comando do balcão está a mixologista Stephanie Marinkovic, que prepara drinques clássicos e autorais, caso do Revolução dos Cravos (R$ 48), feito com uísque infusionado com aspargos e ervas, licor de laranja, vermute seco e chocolate em formato de coração com sal por cima.

Uma inspiração portuguesa dá as caras no menu de comidas, assinado por Guto Cavanha. São servidos petiscos e pratos como a alheira, um embutido feito com pão, acompanhado de ovo e limão (R$ 44).

A churrascaria NB Steak escolheu o bairro para abrir sua quinta unidade paulistana, em agosto. Já o La Maga, de empanadas, fundado em Santos por um casal de argentinos, ganhou a primeira filial há quatro meses numa galeria. Ainda mais recente, o Mi&Mo funciona há menos de um mês como um cat café, cafeteria com espaço para interagir com gatinhos.

Além da gastronomia japonesa, o bairro tem herança árabe, representada por restaurantes como o Halim, próximo à Paulista, e o Tenda do Nilo. Há ainda espaço para a comida indiana do Tandoor, a tailandesa do Krapook Khao, a brasileira do Jiquitaia e a italiana.

Um único passeio não é suficiente para conhecer tudo.


O QUE VISITAR NO PARAÍSO

Amay
R. Cubatão, 305, @amay.doces

Bar dos Cravos
R. Osório Duque Estrada, 41, @bardoscravos

Bimiya
R. Teixeira da Silva, 445, @bimiya.ramen

Bráz Pizzaria
R. Abílio Soares, 912, @brazpizzaria

Hakkopan
R. Mário Amaral, 167, @hakkopan

Halim
R. Dr. Rafael de Barros, 56, @restaurantehalim

Izakaya Cocoro
R. Cubatão, 138, @izakaya.cocoro

Izumi
R. Manuel da Nóbrega, 1.026, @izumi_ig

Jiquitaia
R. Coronel Oscar Porto, 808, @jiquitaia

Jojo Ramen
R. Dr. Rafael de Barros, 262, @jojo_ramen

Krapook Khao
R. Mário Amaral, 212, @krapookkhao

Kinboshi
R. Coronel Oscar Porto, 319, @kinboshikaraoke

Kuromoon
R. Teixeira da Silva, 596, @kuromoon.br

La Maga
R. Manuel da Nóbrega, 40, @lamagapaulista

Mi&Mo
R. Coronel Oscar Porto, 400, @miemo_gatocafe

Mori Chazeria
R. Cel. Oscar Porto, 267, @mori.chazeria

Nara Obentô
R. Sampaio Viana, 80, @naraobento

NB Steak
Al. Santos, 322, @nbsteak

Raful Cozinha Árabe
R. Manuel da Nóbrega, 1.154, @rafulrestaurante

Shin-ZushI
R. Afonso de Freitas, 169, @shinzushioficial

Sozai Deli
Tv. Umberto Bignardi, 7, @sozaideli

Tandoor
R. Mário Amaral, 559, @tandoorsp

Tenda do Nilo
R. Coronel Oscar Porto, 638, @tenda_do_nilo

Yorimichi Izakaya
R. Otávio Nébias, 203, @yorimichi_izakaya

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