Mercearia São Pedro, clássico bar da capital, fecha as portas na Vila Madalena

Informação foi divulgada nas redes sociais do estabelecimento no domingo (25)

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São Paulo

Por 56 anos, no número 34 da rua Rodésia, funcionou a Mercearia São Pedro. O bar, ponto de encontro de escritores, artistas e boêmios na Vila Madalena, na região oeste da capital paulista, anunciou o encerramento de suas atividades no último domingo (25). A informação foi divulgada nas redes sociais.

A Mercearia São Pedro, bar tradicional da Vila Madalena, irá fechar as portas
A Mercearia São Pedro, bar tradicional da Vila Madalena, irá fechar as portas - Gabriel Cabral/Folhapress

A Folha entrou em contato com responsáveis pelo estabelecimento, que não responderam aos questionamentos da reportagem sobre o encerramento das atividades ou a possibilidade de reabertura em outro endereço.

O bar, fundado em 1968, passava por imbróglio jurídico envolvendo os irmãos Marcos Benuthe –também dono da Ria Livraria, que foi inaugurada em novembro de 2021, funciona como loja de livros, café e bar, na rua Marinho Falcão, no bairro Sumarezinho– e Pedro Anis Issa Benuthe, proprietários do imóvel, que daria lugar a um empreendimento imobiliário.

Em agosto de 2021, a Justiça de São Paulo determinou a venda de três imóveis pertencentes à família Benuthe —todos localizados na rua Rodésia, a mesma do bar– e que não incluíam a Mercearia. Os imóveis citados na decisão são os de números 16, 20 e 26, vizinhos à sede do estabelecimento.

Também há em curso um processo de dissolução da sociedade dos irmãos. Nele, Marcos alega que Pedro não estaria dando informações sobre a situação financeira da empresa, além de não repassar o pró-labore, isto é, a remuneração dos sócios, nem os lucros da sociedade.

Uma das calçadas mais concorridas da capital paulista, o estabelecimento foi inaugurado como uma mercearia por Pedro Benuthe, pai de Pedro e Marcos. Quatro anos depois, porém, ganhou balcão e equipamentos de bar, quando passou a servir pingas e sanduíches.

A expansão continuou e, na década de 1980, a família ampliou as atividades com o aluguel de fitas de VHS e passou a atrair seu público mais fiel, escritores e jornalistas. Em 1996, incluiu almoços caseiros em seu cardápio e, no início dos anos 2000, acrescentou livros às prateleiras.

Parte da história do local foi eternizada nas páginas de "Saideira - O Livro dos Epitáfios", com organização de Marcelino Freire e Joca Reiners Terron. A obra chegou às livrarias em abril de 2018 em comemoração aos 50 anos da casa.

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