Saiba como é uma balada de k-pop e veja agenda de festas em São Paulo

Eventos cheios de coreografias crescem na noite paulistana com a popularização da cultura coreana

Festa K-Party Maniac, em São Paulo

Festa K-Party Maniac, em São Paulo Bruno Santos/Folhapress

São Paulo

Sem tirar os olhos de um telão que transmite videoclipes coloridos e cheios de efeitos visuais, um grupo de jovens repete os passos da coreografia exibida. Quando a música muda, vai para o meio da pista quem sabe a dança.

Quando começa a tocar um hit do grupo BTS, o público grita e o ambiente lembra o de um show, com pessoas cantando as letras e dançando. No setlist, só o pop da Coreia do Sul.

Público dançando na festa K-Party Maniac, em São Paulo
Público dançando na festa K-Party Maniac, em São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

A cena faz parte da K-Party Maniac, festa realizada no último sábado, em São Paulo, mas dá o tom de como são as baladas de k-pop. Esses eventos especializados vêm ocupando mais datas nas noites paulistanas, com um público crescente —só neste mês, estão agendadas outras três.

As baladas asiáticas não são necessariamente uma novidade e acontecem há cerca de dez anos por aqui. "Esse nicho já existia antes de o BTS estourar, mas você só descobria se era fã", diz Michele Rocha, fundadora da K-Party Maniac.

Fã da cultura coreana, Rocha viajava de Curitiba a São Paulo para frequentar eventos do gênero e sentia falta de atrações no Sul do país. Decidiu montar a própria festa em junho do ano passado, e os 500 ingressos à venda esgotaram.

Outras seis edições vieram —a primeira na capital paulista recebeu 400 pessoas no Teatro Mars. O evento foi feito em parceria com o dono do Wabar, restaurante e bar no Bom Retiro que virou ponto de encontro entre coreanos e brasileiras em clima de paquera.

A festa de sábado parecia uma extensão desse cenário. Rocha diz que o público da K-Party é formado majoritariamente por mulheres, mas o número de homens foi maior.

"Percebi uma presença grande da comunidade asiática, e parecia que a maioria dos homens não curtia k-pop", afirma. "Eles costumam marcar presença nas festas porque sabem que as meninas curtem asiáticos, e na balada é muito maior essa curtição."

Para atrair pessoas além da comunidade e dos fãs da cultura asiática, o sul-coreano Jung Ki Lee criou a festa Next Level mesclando músicas de seu país a funk, pop internacional e eletrônica.

"O intuito era tentar diluir a cultura coreana e quebrar o preconceito. Muita gente acha que k-pop é para criança", diz Jung. "Eu era um dos públicos dessas festas, ia por me sentir mais incluído, mas a demanda não era suprimida."

Em quase dois anos, a balada se consolidou como uma das maiores do tipo, chegando a reunir 3.450 pessoas, e teve edições em Belo Horizonte, Campinas, Rio de Janeiro, Goiânia, Curitiba e Brasília. A próxima versão paulistana é no dia 23 de setembro.

Uma das pioneiras entre as baladas de pop asiático no país é a A-Party, fundada em 2012, época em que os fenômenos BTS e Blackpink nem existiam. O produtor de eventos Glauber Monteiro não conhecia a música da Coreia do Sul, que o público pedia em suas festas.

Públicona A-Party, balada de k-pop
Público na festa A-Party - Igor Do/Divulgação

Ele então organizou uma balada pequena, como teste, que fez sucesso. A festa passou a tocar só k-pop, virou itinerante e hoje tem uma edição por mês em São Paulo. A próxima celebra 11 anos neste sábado (16).

"É uma balada como outra qualquer", ele diz. "Tem o pessoal que sai para pegação, que sai para dançar, beber ou só ficar no fumódromo. Mas o som e o público é outro." Além da música, o destaque são grupos covers e dançarinos que se apresentam no local.

A busca por uma festa que agradasse a seu estilo musical também foi o que motivou Gabriel Caetano a criar a Rookie, no fim do ano passado. Os DJs tocam playlists apenas de grupos femininos de k-pop, em especial recentes.

Público na Rookie, balada de k-pop
Público na Rookie, balada de k-pop - Divulgação

A festa começou ocupando uma noite por mês na Irregular, casa que encerrou as atividades na Barra Funda, e virou itinerante —a próxima será no dia 22, na Casa da Luz.

Caetano diz, no entanto, que ainda há resistência das baladas paulistanas em tocar o pop sul-coreano nas festas que não são do gênero. "Mas o estilo está ficando comercial."

"Outras baladas não precisam de apelos extras, as pessoas vão porque gostam de balada", diz Michele Rocha, da K-Party Maniac. Mas as de cultura coreana precisam trazer outros incentivos para atrair o público, acrescenta. Daí vêm as performances de dançarinos profissionais e a inclusão de comidas e bebidas coreanas no menu.

Rocha vê esses eventos do pop asiático como um espaço para fãs de k-pop se identificarem e se sentirem confortáveis para dançar. "São pessoas que você não veria se comportando dessa forma em outros lugares. Há aquele medo do julgamento de gostar de k-pop", afirma.

Além da música, o público dessas festas se encontra na estética do pop sul-coreano. Os looks são cheios de roupas coloridas, com direito a brilhos, correntes, gravatas, saias plissadas e croppeds, numa tentativa de imitar o estilo dos ídolos que aparecem nos videoclipes que prendem a atenção.

A-Party
Estação Marquês - av. Marquês de São Vicente, 412, Barra Funda, região oeste, @apartybrasil. Sáb. (16), às 23h30. 18 anos. A partir de R$ 65, em Sympla


K-Party Maniac
Acompanhe a programação em @kpartymaniac


Next Level
Vip Station - r. Gibraltar, 346, Santo Amaro, região sul, @next.theclub. Sáb. (23), das 23h às 6h. 18 anos. A partir de R$ 35, em Doity


Rookie
Casa da Luz - r. Mauá, 512, Centro, @rookie.sp. Sex. (22), das 22h às 6h. 18 anos. A partir de R$ 15, em Shotgun

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