Quem passa em frente à fachada verde, em uma esquina de São Sebastião da Grama, a 230 km de São Paulo, pode nem imaginar. Mas é naquele bar que um dos pouco mais de dez mil habitantes da pacata cidade virou uma estrela: Carlão, o homem por trás do torresmo mais famoso do estado –e que inspirou o chef Jefferson Rueda a criar a premiada A Casa do Porco.
É da cozinha do Bar do Carlão que sai, há quase 30 anos, a pancetta mais disputada pela clientela. O quitute, carro-chefe da casa, alçou ainda mais holofotes quando Jeffim (como o chef é chamado pelos amigos) ganhou fama e passou a contar, para lá e para cá, quem era o seu mentor, o homem por trás do torresmo.
"Tem coisa que acontece na vida da gente e a gente não espera", conta, quase envergonhado, Antônio Carlos Ranzani, o Carlão. "A inspiração do Jefferson saiu daqui, e agora as pessoas querem vir até aqui para conhecer e provar."
E vão mesmo. O Bar do Carlão abre somente às quintas, sextas e sábados, mas os três dias são suficientes para vender, em média, 300 quilos de torresmo. "Num fim de semana normal. Em feriado sai mais, uns 400 quilos", ressalta o cozinheiro.
Aos 67 anos, Carlão ainda faz questão de comandar as panelas todos os dias que o estabelecimento está aberto. Comandar e arear, diga-se de passagem. Toda segunda-feira, limpa seus utensílios para que estejam sempre tinindo, como um espelho. "Essa panela aqui, ó, tem 20 anos", mostra, orgulhoso. Não parece.
O segredo do torresmo mais famoso de São Paulo –dourado, crocante por fora e com a carne macia por dentro– Carlão garante que é fazer o que gosta bem-feito. "Só tempero com limão, sal, pimenta e alho. De um dia para o outro, depois frito e tiro no momento certo", diz.
O momento certo ele sabe de olho. "Porque torresmo significa tudo para a gente, né? Tudo o que tenho devo a ele."
Bar do Carlão
R. Cap. Joaquim Rabêlo de Andrade, 175, centro, Sebastião da Grama (SP), tel. (19) 3646-1602,
@bardocarlaotorresmodocarlao
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