Lions deixa de ser só balada gay para se tornar o coração do rap e do trap no centro de SP

Com as festas Baile do Leão e Boom Trap, casa atrai nomes como Leall, Febem, Vitinho e Cesrv

Pessoas curtindo show de rapper no clube Lions

Pessoas curtindo show de rapper no clube Lions Caio Versolato/ Divulgação

São Paulo

Na extensa fila na porta da balada, é possível ver camisa de time, bonés de todas as cores, cordões dourados e cigarros eletrônicos, que geram um aroma adocicado que se mistura ao perfume das meninas. As idades não chegam aos 30 anos, e todos aguardam a vez para apresentar a carteira de vacinação e a identidade para, só então, entrar e assistir à apresentação do rapper carioca Leall.

Pode não parecer, mas estamos na entrada da Lions Nightclub, casa noturna na região central de São Paulo que tem visto seu público rejuvenescer e a periferia se aproximar. Quem frequentou a balada quando ela surgiu, há 12 anos, lembra que o espaço era conhecido pelas festas recheadas de famosos e pela noite LGBTQIA+, com listas VIPs nas quais pipocavam a elite paulistana. ​

"O público de hoje me agrada muito mais do que a burguesia que frequentava a casa antigamente", comenta o Facundo Guerra, empresário que tem uma série de negócios na noite paulistana e divide a sociedade da Lions Club com Cacá Ribeiro. "Frequentar em dias de rap e funk me ensina mais, me tira da zona de conforto e dá oportunidade a jovens de verem seus artistas no centro, em uma casa noturna próxima ao metrô", afirma.

A balada fica no primeiro andar de um prédio comercial, próximo à praça da Sé. Após subir as escadas em meio a colunas altas, surge o hall com decoração que lembra a década de 1950. A capacidade é de 450 pessoas, em duas pistas, lounge para os mais VIPs e uma varanda aberta com vista para a catedral.

Jovens bebem e e aglomeram em pista
Publico jovem se diverte durante show de rap no Lions Club - Caio Versolato/ Divulgação

As noites de quinta-feira e de sábado são exclusivas para duas festas bem conhecidas entre a galera mais jovem que curte rap e todas as suas derivações, até o funk: o Baile do Leão, às quintas, e a Boom Trap, aos sábados.

Espremida entre ambas, às sextas, segue existindo a tradicional festa com temática LGBTQIA+, que atualmente se chama Ultralions e atrai um público majoritariamente masculino, tornando-se o único dia da semana em que hoje em dia a música pop é ouvida na pista de dança. "Mesmo com o sucesso das noites de rap, a noite gay da Lions nunca vai sair da grade", comenta Guerra.

Diferentemente da inauguração, em 2010, que contou com a cantora Mallu Magalhães e com o roqueiro Lobão arriscando de DJ —isso sem falar em convidados famosos, como o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, circulando pelo espaço—, atualmente a Lions recebe nomes como Febem, Vitinho e Sophia, além de DJs de trap como Cesrv, Mu540 e a dupla Deekapz.

"Nas primeiras vezes, não gostei, não curti a música nem a galera com cara de riquinha", comenta Montana, cantora de drill, uma vertente do rap. Ela mora em Diadema, na Grande São Paulo, e frequenta a Lions sempre às quintas. "As mudanças atraíram mais a periferia."

Trazer artistas que bombam nas redes sociais também tem sido o jeito que a balada encontrou de seguir funcionando. "Ficamos atentos ao que está acontecendo em outros estados, no Instagram e no TikTok. O Leall, por exemplo, é um cara que vimos que estava estourado no Rio, mas não canta em São Paulo", conta Felipe Lacine, que faz a curadoria de artistas da festa Boom Trap.

"A concorrência é grande, as pessoas acabam não ligando apenas para o nome da balada, elas olham a programação no Instagram e vão ao evento mais legal", diz Lacine.

DJ branco com chapéu preto e camisa preta. Em baixo das mãos está um toca disco
DJ Maestro faz sua apresentação na Lions - Caio Versolato/ Divulgação

Outra coisa que faz aumentar as filas na casa noturna são as listas e as entradas VIPs. Visitantes podem colocar o nome antecipadamente em um formulário e, dependendo do evento, pagar R$ 15 para assistir aos shows —sem o nome na lista, os ingressos custam a partir de R$ 30 e aumentam para R$ 60 depois da meia-noite.

Mas, ainda na seara dos preços, os valores dos drinques e das bebidas são os mesmos das baladas mais caras da cidade. A cerveja mais barata no formato long neck é vendida por R$ 16. Duas doses de gim com tônica custam R$ 56, enquanto o copo de uísque Jameson sai a R$ 32.

Nesta sexta-feira, dia 15, os DJs Fernando Moreno, Jay Franchini e Tiffany Bradshaw animam a noite LGBTQIA+. Mas quem quiser se jogar no rap e no funk pode ir no sábado, dia 16, quando está marcada uma sequência de apresentações dos DJs GM, Dayeh, Mass, Mouse e Maestro.

Lions Nightclub

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