São muitas as opções de festas em que a nudez é permitida, se não incentivada com brindes, na cidade de São Paulo. Esses espaços querem quebrar tabus sobre o corpo nu e criar um ambiente seguro de livre expressão. Sempre com muito respeito. As regras são claras: sem consenso não tem brincadeira.
A nudez não necessariamente é obrigatória. Nos casos em que tirar a roupa é um pré-requisito para participar da festa, há certa flexibilidade. Para aqueles que não se sentem tão à vontade, cangas e toalhas estão à disposição. Nesses eventos, considerados naturistas, celulares e câmeras não são permitidos.
Em ambientes como a NossaCasa, o corpo nu é encarado a partir de um ponto de vista artístico, de celebração da diversidade. Já na Festa Kevin, a ideia é oferecer um espaço protegido para pessoas LGBTQIA+ —sobretudo homens gays—, onde a liberdade sexual também pode ser explorada em um dark room.
A Festa Nudista, por outro lado, tem um público majoritariamente heterossexual, que relaciona a falta de roupas a um estilo de vida naturista. A filosofia prega autorrespeito, autoconhecimento, respeito ao próximo, alimentação saudável e preservação da natureza. Dentro deste modo de vida, também está a prática de nudismo social.
Os eventos contam com uma atmosfera descontraída e atraem um público de mente aberta. Os participantes que aderem a essa prática circulam sem alarde, interagem com outras pessoas, compram suas bebidas e fazem novas amizades. É possível ainda encontrar DJs e artistas fazendo suas performances do jeito que vieram ao mundo.
Veja a seguir uma lista de festas em São Paulo nas quais a nudez é permitida ou obrigatória. Como elas não têm dias fixos para acontecer, é sempre bom ficar de olho nas redes sociais delas.
NossaCasa
Logo na entrada, já é possível encontrar cartazes com os dizeres "sujeito a nudez" e "perca a vergonha, mas não perca o respeito". A ideia dos avisos é apresentar a atmosfera de liberdade e conscientização da casa, sublinhando a importância de se respeitar o outro.
A NossaCasa recebe em média 600 pessoas por noite e se considera "um espaço cultural que celebra a diversidade, a criatividade e a expressão artística". Segundo os organizadores, "as festas temáticas e performances teatrais criaram um ambiente no qual a autoexpressão floresce de várias maneiras, inclusive por meio da nudez".
Esse hábito partiu de artistas que se sentiam desinibidos e desejavam se expressar mais livremente. Inicialmente, essa manifestação estava mais concentrada em eventos com temáticas voltadas às artes teatrais, como a festa Dionisíaca e o Sarau Erótico, em que apresentações com nudez fazem parte do repertório.
Com o tempo, essa liberdade de expressão se expandiu para todas as festas. Ficar sem roupa, porém, não é uma exigência. Os nudistas não são a maioria e ficar pelado é apenas uma escolha de alguns frequentadores, que não é reprimida pela casa. Também não há incentivo ou espaço para práticas sexuais.
R. Mourato Coelho, 1032, Vila Madalena, região oeste. Informações de eventos no Instagram @nossacasa.vilamadalena
Festa Kevin
Ela surgiu em 2014, num cenário em que ainda não se falava abertamente sobre esse tipo de festa. Segundo organizadores, o espaço foi criado para ser um ambiente seguro para para a expressão artística e do corpo LGBTQIA+ na pista de dança.
Hoje ela acontece na Barra Funda, em um local com capacidade para mil pessoas. Na edição do Mês do Orgulho, que aconteceu em junho, a festa levou 3.000 pessoas para um galpão industrial no bairro.
"Temos como lema a liberdade da pista de dança e o sentir-se bem na sua própria pele. Para muita gente, isso significa literalmente se expressar através do seu corpo", conta Rafa Maia, um dos organizadores.
A festa conta ainda com um dark room, onde as pessoas podem explorar sua sexualidade livremente. A nudez, entretanto, está presente em toda a pista de dança.
Zig Studio - av. Pacaembu, 33, Barra Funda, região oeste. Informações de eventos no Instagram @projetokevin
Festa Nudista
Ainda que dedicada a nudistas, naturistas, LGBTQIA+, monogâmicos, não monogâmicos, liberais, swingers, exibicionistas e voyeurs, a festa conta com público predominante hétero, formado por casais.
Mais recente, o evento surgiu no Dia dos Namorados, em junho de 2022, com a Tardezinha Nudista, que acontece uma vez por mês, das 15h às 22h. Para além da versão sunset (pôr-do-sol), a Festa Nudista se expandiu noite adentro e passou a promover o Sextou Nu Neon, evento também mensal que é intercalado com a Tardezinha.
A festa acontece na Spicy Club, em Moema. A casa conta com dois pisos. No térreo, há lounge, pista e bares e área externa, onde a interação não é sexual. Já o piso superior conta com estrutura de casa liberal, com salas coletivas e cabines privadas. Segundo as regras, nesse espaço tudo é permitido, claro, se for consensual.
A nudez é obrigatória. Ao chegar, todos são recepcionados por uma hostess (recepcionista) e direcionados a um local em que podem se despir e guardar seus pertences. Aos novos adeptos, porém, é permitido o uso de toalhas e cangas. Para garantir a privacidade de todos, é proibido o uso de celulares para fazer fotos ou filmagens fora de espaços predeterminados.
Spicy Club - al. dos Pamaris, 42, Moema, região sul. Informações de eventos no site baladanudista.com.br
PopPornParty
A festa surgiu como um desdobramento do PopPorn, único festival de pornografia do Brasil, idealizado há 13 anos por Suzy Capo. A PopPornParty valoriza a nudez e a liberdade sexual e acontece desde 2015. Hoje, organizada por Marcelo D'Avilla e Thiago Roberto, é realizada uma vez a cada dois meses.
A festa é dedicada ao universo da música pop e atrai mulheres, casais heterossexuais, travestis e mulheres trans, além de pessoas negras e periféricas. Segundo a organização, o evento independente "é pioneiro no movimento e se tornou referência no mundo erótico."
Teatro Mars - r. João Passalaqua, 80, Bela Vista, região central
Dando
Desde 2016 é realizada pelos mesmos organizadores da PopPorn. Ambas as festas acontecem no Teatro Mars, um teatro que recebe rituais independentes. Considerada uma "mini PopPorn", a festa, porém, tem como foco a música eletrônica. É realizada todos os meses.
Teatro Mars - r. João Passalaqua, 80, Bela Vista, região central
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