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Alberta #3, balada clássica no centro de São Paulo, faz vaquinha para não fechar

'Podemos ser despejados', diz dona da casa, que quer arrecadar cerca de R$ 100 mil

A fachada do Alberta #3, que lança vaquinha para se manter em funcionamento durante a pandemia

A fachada do Alberta #3, que lança vaquinha para se manter em funcionamento durante a pandemia Gabriel Cabral/Folhapress

São Paulo

Dono de uma das pistas subterrâneas mais conhecidas do centro de São Paulo há mais de uma década, o Alberta #3 é mais um na lista de espaços paulistanos que recorrem às vaquinhas virtuais para se manter em funcionamento.

Lançada nesta terça-feira (6), a campanha pretende arrecadar R$ 93 mil em 40 dias, oferecendo como recompensa vouchers em sorteios de itens do local e outros mimos que serão entregues na casa dos doadores.

“Mesmo que esse não seja o total da nossa dívida, vai nos ajudar a pagar as coisas mais imediatas para conseguirmos reabrir quando tudo passar. Estamos com aluguel, luz, água e fornecedores atrasados, com perigo de sermos despejados. O valor é para que a gente passe por isso sem o medo de fechar”, conta a sócia e proprietária, Noemi Rosa.

Para se manter ativo no ano passado, em meio às restrições impostas pela pandemia, que afetaram o coração das baladas e das casas de festas, o Alberta adaptou sua estrutura para o formato de pub e passou a servir drinques e comidinhas com mesas distribuídas na entrada e no mezanino e capacidade limitada a 40%, como mandava o plano estadual de quarentena.

Meses depois, com o endurecimento das medidas de prevenção, o espaço passou a funcionar apenas com o delivery, que representava bem pouco no fim do mês, diz a dona —reclamação comum entre outros proprietários de casas que fecharam as portas na cidade. “A gente nunca conseguiu ficar no azul com esse formato. A porcentagem para entrega de drinques é irrisória", explica Rosa. "Eu continuo fazendo para ter uma esperança e não perder o ritmo."

O valor mínimo para contribuição na vaquinha do Alberta, disponível neste link, é de R$ 35. A doação garante o nome de quem fez a contribução inscrito em uma placa na entrada do local, um convite para a festa de reabertura —quando a pandemia permitir, é claro— e uma vaga em um sorteio de drinques.

Dependendo do valor, o doador pode concorrer também a uma das conhecidas cadeiras cor de vinho que ocupam o terceiro andar da casa, além de pôsteres feitos pelo cartunista Adão Iturrusgarai, da Folha, e pelo designer Marcio Freitas para edições da clássica festa Rocks Off!, que ocupava as sextas-feiras da casa antes da pandemia.

Outros valores também darão direito a fotografias ampliadas e à participação nos sorteios de discos de vinil da coleção da balada, livros e poltronas que fazem parte do antiquário A Bruxa Antique, de Drica Cruz, que foi incorporado à casa durante a pandemia.

Financiamentos coletivos vêm sendo uma das principais alternativas buscadas por restaurantes, bares e casas de show de São Paulo para se manterem em funcionamento durante a crise e o período em que não podem estar abertos ao público.

O Alberta vai na esteira de endereços como o Ó do Borogodó e a Casa de Francisca, que fizeram das vaquinhas suas últimas cartadas para garantir o fôlego até que a pandemia acabe e não ter o mesmo fim de estabelecimentos como o Genésio, a Casa do Mancha e o Ramona, que não aguentaram o período de portas fechadas.

“Cada vez que eu vejo um bar fechando é como se eu estivesse fechando um pouquinho também”, diz Rosa. “A noite é muito importante socialmente. Temos clientes que se conheceram no Alberta e se casaram depois, que fecharam negócios na casa ou fizeram grandes amizades. A vida noturna não é só aquele momento da noite, mas é o que se estende depois. Perder isso é ver a vida cultural da cidade se tornando menor”, diz.

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