Em documentário De Palma fala de sua trajetória e do cinema norte-americano

Assim como Hitchcock deixou sua grande lição de cinema por escrito (em Hitchcock/Truffaut), seu discípulo Brian de Palma o faz em filme.

"De Palma" se constitui de uma longa entrevista a dois jovens cineastas norte-americanos (Noah Baumbach e Jake Paltrow). Ali, esse expoente da geração das escolas (que surge no final dos anos 1960 nos EUA) comenta desde suas impressões no cinema (o quanto ficou impressionado quando viu "Um Corpo que Cai") até o momento atual do cinema nos EUA.

Legenda: O diretor Brian de Palma durante as filmagens do filme "Femme Fatale"
Legenda: O diretor Brian de Palma durante as filmagens do filme "Femme Fatale" - Divulgação

No documentário, De Palma fala sobre sua formação, os primeiros filmes, a evolução do estilo, o seu momento de maior prestígio, que se abre com "Carrie, a Estranha". Detém-se ainda nos longas menos pessoais, porém executados com enorme competência ("Os Intocáveis", "Missão: Impossível").

Se, ao contrário de Hitchcock, De Palma é pouco autocrítico, em compensação expõe com generosidade seja problemas e alegrias de filmagem (dificuldades, decepções com pessoas etc.), seja aspectos técnicos (e De Palma é um mestre nesse setor), seja dificuldades que o levaram a, mais recentemente, produzir na Europa. Mas também lá estão as descobertas (como a magnífica cena de "Carrie, a Estranha" (1976) que precede o momento em que o balde de sangue será jogado sobre a protagonista e seu namorado durante o baile).

O diretor norte-americano Brian de Palma e o ator Al Pacino na gravação de “Scarface” (1983)
O diretor norte-americano Brian de Palma e o ator Al Pacino na gravação de “Scarface” (1983) - Divulgação

Se tudo isso basta para fazer da visão deste documentário de resto, ilustrado por todos os filmes do cineasta, até "Paixão" (2012) um deleite para qualquer espectador que goste de cinema, algo resta que interessa, em particular, a quem pratica o cinema: a amizade.

Lá estão eles: Francis Coppola, Martin Scorsese, George Lucas, Paul Schrader... É no grupo de amigos que o cinema se define: ali onde se vê filmes, discute-se sobre eles. É onde as ideias são partilhadas e as particularidades se afirmam. O que há de comum e o que há de pessoal é o que constitui o grupo: é onde as obras são geradas.

Em poucas palavras: a lição está dada. Não para qualquer público, mas muito bem dada.

Avaliação: muito bom
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