'Fragmentado' acerta a mão com enredo desafiador 

Fragmentado  [Split, Estados Unidos, 2016], de M. Night Shyamalan (Universal). GEnero: terror. Elenco: James McAvoy, Anya Taylor Joy, Betty Buckley ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO
Kevin (James McAvoy, à dir.) sofre de um transtorno que o atormenta com 23 personalidades - Divulgação

A música grave, abafada e entrecortada é um fiel prenúncio do que está por vir em "Fragmentado".

Recém-chegado aos cinemas, o longa de M. Night Shyamalan —que andava meio desacreditado pela crítica após fiascos como Fim dos Tempos (2008) e Depois da Terra (2013)— traz parte dos ingredientes necessários para um suspense funcionar: tensão permanente, atmosfera sinistra, personagens convincentes, trilha sonora inquietante e um enredo que, de alguma forma, desafie o espectador.

Kevin Wendell Crumb (James McAvoy) sofre de um grave transtorno de identidade e vive atormentado pelas 23 personalidades (além de uma possível e assustadora 24ª) que disputam espaço em seu corpo.

Ora se apresenta como Barry, estilista afetado e antenado às últimas tendências, ora como Patricia, mulher rígida de sotaque britânico, ora como Hedwig, um ingênuo garoto de nove anos.

Mas, quem assume o comando (ou a luz) na maior parte da trama recebe o nome de Dennis, um vilão metódico e obsessivo por limpeza, que se encarrega de raptar três garotas e mantê-las trancafiadas num quarto, sem entregar de bandeja suas reais e sombrias intenções.

Diante do desafio de dar vida a tantos personagens, McAvoy se sai bem. Com mudanças sutis nas feições, nos trejeitos, na postura e até na voz, ele consegue transitar pelas múltiplas personalidades de maneira competente, sem precisar apelar a caracterizações.

Para amarrar esse quebra-cabeça, a psicóloga Karen Fletcher (Betty Buckley) atua como uma espécie de manual de instruções da narrativa, ajudando o público a juntar as peças que insistem em se espalhar dentro do perturbado paciente.

Responsável por outros sucessos do gênero, entre eles "O Sexto Sentido" (1999) e "Corpo Fechado" (2000), M. Night Shyamalan volta a acertar a mão e repete estratégias que deram certo anteriormente.

Fragmentado também flerta com o sobrenatural, mas sem tirar o pé da realidade; recorre a flashbacks para explicar uma subtrama; usa doses comedidas de susto e cenas de perseguição. Acima de tudo, mantém o espectador tomado por uma expectativa aflita do início ao fim.

Avaliação: bom

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