Não é à toa que o logo do bar Spoiler, exibido num letreiro de luz neon logo na entrada, mostra uma pessoa com os olhos fechados e as duas mãos cobrindo os ouvidos.
A casa, que tem uma sede em Porto Alegre desde 2017 e inaugurou um endereço em São Paulo no mês passado, rema abertamente contra a maré das redes sociais e até incentiva algo que costuma ser evitado a todo custo —sim, como já adianta o nome da casa, é muito provável que lá dentro você acabe sabendo de algo importante, quem matou quem ou até o final do seu seriado favorito, mesmo que sem querer.
Quando abriram o espaço no Rio Grande do Sul há quatro anos, Taiane Panizzi e Thais Ribeiro quiseram transformar o spoiler —ou seja, a divulgação de informações fundamentais sobre filmes, séries, livros ou produções culturais em geral— em uma experiência um pouco mais palatável.
A ideia surgiu em uma mesa de bar. Na época, “Game of Thrones” e “The Walking Dead” estavam no auge, com novos episódios saindo a cada semana. Quem não conseguia assistir ao capítulo no mesmo dia tinha que tomar cuidado ao entrar nas redes sociais para não esbarrar com nenhuma informação importante sobre as tramas.
“A gente achou uma oportunidade de brincar com isso”, afirma Panizzi. Para mostrar que o spoiler nem sempre é ruim, surgiu a proposta de transformá-lo em drinques e comidas. Foi assim que surgiu o cardápio, que é inspirado em séries como “La Casa de Papel” e “Breaking Bad”, por exemplo.
Entre as bebidas mais famosas da casa está a Heisenberg, que tem cor azul e dentro de um erlenmeyer, um frasco de vidro usado em laboratórios, remetendo a “Breaking Bad”. Ele custa R$ 35.
Outra opção é o Tabu, drinque molecular de R$ 30 inspirado em “Sex Education”, que teve sua terceira temporada lançada recentemente. A bebida é feita com uma espécie de vagina de cerâmica e uma esfera de vinho branco que tem que ser comida para chegar até o líquido. Já o drinque Tokyo, nome da personagem de “La Casa de Papel”, sai por R$ 30 e exige que o cliente descubra a combinação de um cofre para poder beber a mistura.
As comidas também fazem referências a séries. Os Los Pollos Hermanos (R$ 50) são coxinhas de frango inspirados novamente em “Breaking Bad” , os Waffles da Eleven (R$ 25) remetem a “Stranger Things”, Churros da Dona Florinda (R$ 35) lembram "Chaves", enquanto o Hambúrguer do Marshall (R$ 35) é baseado em “How I Met Your Mother” .
Na decoração, ao entrar no bar, o público se depara com uma parede de lajotas brancas cheias de spoilers escritos por outros clientes. As mensagens, escritas com tinta lavável, vão se renovando ao longo das semanas. No andar de cima da casa, os spoilers são escrito em post-its, à vista de qualquer olhar distraído.
Mariana Vasconcellos, sócia do bar em São Paulo ao lado de João Felipe Alves , diz que geralmente a reação das pessoas que leem alguma informação desconhecida sobre um seriado é querer se vingar. "Quem não é chegado a spoiler também deixa algum recado na parede para manter a experiência rolando”, ela diz. O cuidado tem que existir até mesmo na hora de conectar o wifi —a senha é também um spoiler.
Apesar da proposta de interação, a versão paulistana do bar ainda não promove eventos que ficaram conhecidos no bar de Porto Alegre, como o Spoiler de Rua e o karaokê semanal com músicas de séries. “Por mais que isso faça parte do DNA, a gente não pode ignorar que estamos em uma pandemia”, diz Vasconcellos.
Por isso, o bar busca incentivar a vacinação contra a Covid-19 e dá um drinque de graça para aqueles que apresentam o comprovante do imunizante. “É importante a gente se posicionar e incentivar a imunização”, afirma Panizzi.
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