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Bares e noite

Com chegada do Jhony's, Lilian Gonçalves deixa de reinar sozinha em rua de Santa Cecília

A nababesca parmegiana oferecida pelo bar de SP, apelidada de 'parmejhonys', foi o ponto de virada

São Paulo

Há alguns anos, quando o WhatsApp e o Instagram davam os primeiros passos, a rua Canuto do Val era a rua de Lilian Gonçalves.

A filha de Nelson Gonçalves, chamada por muitos de Rainha da Noite, dominava a cena da boemia em Santa Cecília —sob sua batuta estiveram bares como o Biroska, conhecido como a Casa dos Artistas.

Parmegiana do Jhony's, famoso restaurante de São Paulo, que vem acompanhada de arroz e batata frita
Parmegiana do Jhony's, famoso restaurante de São Paulo, que vem acompanhada de arroz e batata frita - Gabriel Cabral/Folhapress

Ainda nos anos 1970, com a presença da Rádio Globo, teatros e estúdios na região, a Biroska de Lilian era ponto catalisador de parte do mundo artístico de São Paulo.

Outro bar marcante dela era o Espetinho, uma casa que acolhia artistas, jornalistas, policiais, crupiês, manicures, garotas e garotos de programa. Os clientes eram recebidos madrugada adentro pela carismática Bete, hoje famosa com seu próprio negócio, na avenida São João.

Apesar da verdadeira babilônia que era o Espetinho, não havia brigas por lá. As disputas aconteciam apenas pelos microfones do lendário karaokê. Qualquer um que pisou lá e fez xixi no banheiro com papel de parede de oncinha pintada saberia dizer que 3094 era o número de "Evidências".

Um outsider da rua era a Adega Cantinho do Vinho (confesso que não sei se esse era o nome oficial do bar, mas todos o chamavam assim). Vinhos de qualidade duvidosa, mesas em tonéis, meia-luz e casaizinhos apaixonados.

Também havia na rua um grupo de botecos pés-sujos, como o Amarelinho e os bares da Baixinha e do seu Mané, que, no mais tardar, fechavam logo após a meia-noite. Tudo simples e com a cara do bairro naquela época, antes da invasão hipster: rabo de galo, ovo colorido, prato feito, jurubeba gelada e jogo do bicho.

Correndo por fora estava o Jhony’s Bar. Os preços no cardápio eram atualizados com o uso de branquinho ou adesivos. O carro-chefe não era a parmegiana, e sim uma parruda e suculenta feijoada, que atraía hordas de taxistas da cidade às quartas e aos sábados.

Cabrito assado e joelho de porco eram outras estrelas da casa, então tocada pelo simpático Gimba e o seu sócio, o sisudo Seu Beto. Era uma lanchonete que nos dias da semana recebia os trabalhadores da região e, aos finais de semana, servia aos moradores dos prédios e cortiços.

Quando a lanchonete foi comprada por Toninho, Juninho e Reginaldo, em 2012, ninguém imaginava que seria o novo império da rua. O trio revigorou o cardápio, melhorou a cozinha e encheu a casa de garçons como Jack, Rafa, Helião, Pancinha, Vascão e outros jovens ligeiros.

A nababesca parmegiana oferecida ali, apelidada de "parmejhony’s", foi o ponto de virada. A fórmula com um bom molho de tomates, filé bem cortado e muçarela sem moderação, fez a casa cair na boca do povo.
Comida farta, cerveja gelada e saideira sem choro trouxe público de outras paragens.

O cumprimento da Lei do Psiu, que fazia a lanchonete fechar religiosamente à 1h, fez com que a a casa não ganhasse a inimizade dos vizinhos.

Com o tempo, as mesas na calçada da Canuto com a Aureliano não eram suficientes para atender tanta gente. Logo, o trio assumiu a esquina do Mercadinho Alvarez, na esquina com a Martim Francisco.

Na sequência chegaram mais duas unidades, uma no lugar da adega, na esquina com a Veridiana, e a quarta na Fortunato, onde era o bar do Mané. Na esteira desse sucesso deles chegaram o Moela
e O Mirandês. A Lilian seguiu com algumas de suas casas, como o Siga la Vaca e o Frango com Tudo, mas, sem dúvida, a Canuto é a rua do Jhony’s.

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