Conheça história do Jhony's, bar com parmegiana famosa, que ganha nova unidade em SP

Boteco inaugurado há uma década tem quatro sedes na mesma rua de Santa Cecília

São Paulo

Pouco tempo separa o momento em que o pedido é anotado daquele em que uma das mais famosas parmegianas de São Paulo chega à mesa, coberta por camadas de muçarela e molho de tomate. "Sair daqui com fome é difícil", diz Toninho, um dos donos do Jhony’s, sentado ao lado de seus dois sócios e em frente à grande bandeja que é acompanhada por outra com arroz soltinho e batata frita.

Parmegiana para duas pessoas do Jhony's, que é vendida por R$ 106 na versão de filé mignon e R$ 91 na de frango
Parmegiana para duas pessoas do Jhony's, que é vendida por R$ 106 na versão de filé mignon e R$ 91 na de frango - Gabriel Cabral/Folhapress

No restaurante do trio familiar, completado pelos irmãos Junior e Reginaldo Aguiar, ambos primos de Toninho —que prefere não falar o sobrenome— e todos de Mucambo, no Ceará, o prato para uma pessoa serve duas, e a porção para uma dupla dá tranquilamente para uma mesa de quatro. Já são 11 anos de casa e a fartura é regra. "Servir bem, sem miséria, também é nossa marca registrada", diz ele.

Nem mesmo os donos sabem quantas parmegianas saem por mês das cozinhas das unidades do restaurante, agrupadas em Santa Cecília, na região central de São Paulo. Mas são muitas. Para a inauguração da quinta casa, na rua Jaguaribe —a primeira fora da rua Canuto do Val—, na última quinta (17), eles fizeram um balanço: foram 81 pedidos pelo prato.

Também foram 192 garrafas de cerveja, uma prova de que o estabelecimento atravessou a década mantendo a reputação de um dos "bar e lanches" mais lembrados da cidade. Mas, antes de chegar ao patamar que fez os empresários espalharem unidades por calçadas tão próximas, o Jhony’s não
tinha nem mesmo um letreiro.

"Quando chegamos, em 2012, as pessoas só sabiam que ele tinha esse nome, que era o de um ex-dono, por causa do boca a boca", conta Toninho, que comprou o bar com os primos depois que o negócio que tinham, Tropical, precisou ser fechado para dar lugar à sede da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, no centro da cidade.

O Jhony’s era um boteco simples, tocado pelo Seu Gimba em uma esquina "sem vida e muito apagada", segundo Toninho. A clientela era minguada e formada por moradores do bairro e o trio logo passou a incrementar as opções —entre elas, a receita da parmegiana da gestão anterior que, no novo cardápio, virou estrela.

Eventualmente, as mesas do boteco pararam de ser suficientes e a saída foi alugar o imóvel da frente para fazer o Jhony’s 2. O mesmo aconteceu com a terceira e a quarta unidades, que repetiam a fórmula e acabaram se somando ao fervo da empresária Lilian Gonçalves, que até então reinava absoluta na Canuto do Val com negócios como o Biroska, o Coconut e o Siga La Vaca —na pandemia, os dois primeiros fecharam as portas definitivamente.

Detalhe da nova unidade do Jhony's Bar e Restaurante na Santa Cecília, nas esquinas da rua Jaguaribe com Doutor Cesário da Mota Júnior
Detalhe da nova unidade do Jhony's Bar e Restaurante na Santa Cecília, nas esquinas da rua Jaguaribe com Doutor Cesário da Mota Júnior - Gabriel Cabral/Folhapress

"Para abrir o Jhony’s 3 nós chegamos a conversar com ela e ela também é dona do imóvel onde fica a quarta unidade. Nunca quisemos competir e, na pandemia, ela foi muito compreensiva com a nossa situação", conta Toninho.

Outros negócios vieram com o tempo —eles hoje são donos dos restaurantes Old Gold e Nova Barão, nas proximidades— mas a rede que dominou a rua Canuto do Val é a mais bem-sucedida. A teoria de Toninho é a de que o Jhony’s se beneficiou da nova cara que Santa Cecília e Vila Buarque ganharam a partir de 2013, que trouxe novos moradores e um público que ainda não frequentava a região.

"Antes eram só moradores que sentavam aqui e depois vieram os alunos da Santa Casa que ajudaram a divulgar", ele conta. Também teve o público LGBT que foi muito importante nessa revolução do bairro e o Carnaval, com blocos como a Charanga do França".

Isso tudo também fez o Jhony’s mudar. Kascão Oliveira, bartender paulistano, criou uma carta de coquetéis que aparece no cardápio em fotos grandes, com mensagens engraçadinhas como "se já sou feliz só, imagina bebendo essa lindeza" fixadas nas taças.

"Temos um público descolado. Não precisamos de uma coquetelaria premium, só abastecer as mesas com bons drinques", diz Kascão.

Na nova unidade, que antecede planos de expandir os negócios para fora do bairro, o balcão é mais arrumado, com garrafas expostas, e as mesinhas da janela ganharam um estofado verde de ar vintage.

Não há, no entanto, nenhuma diferença no cardápio ou na energia de boteco do Jhony’s. Na inauguração, famílias e grupos de amigos pediam mais uma gelada ao som de um conjunto de chorinho a apenas uns minutos de caminhada da rua que é sede das outras quatro filiais no restaurante, em plena atividade.

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais