O SP na Rua, a maior festa gratuita e a céu aberto da cidade, chega mais enxuto à sua sétima edição, entre sábado (28) e domingo (29), mas mantém a proposta de ser um espelho do que de mais democrático há na noite paulistana.
Dezesseis pontos do Centro são ocupados por 38 coletivos — em 2018 foram 21 espaços e 45 grupos— que sintetizam, em dez horas, uma rica cena musical. A curadoria ficou a cargo de nomes como o da jornalista Claudia Assef, da gestora cultural Karen Cunha e dos produtores e DJs Tessuto e Artur Santoro.
Segundo Assef, o recorte prioriza novidades, festas de rua a baixo ou nenhum custo e representatividade. Na lista aparecem coletivos que, além de explorarem estilos musicais, também dão voz às causas das mulheres e das pessoas negras, LGBT e periféricas.
Uma das novidades do ano é a homenagem a Sonia Abreu, a primeira DJ mulher do Brasil, que morreu em agosto e tem sua trajetória celebrada por DJs que trabalharam com ela ao longo da vida, como Jai Mahal, Theo Werneck, Ezê Mattos, Chris Prado e Robertinho.
Também estreia nesta edição um palco inteiramente dedicado ao Dia da Música Eletrônica, celebrado no domingo (29), que reúne nomes consagrados e novos rostos da cena do gênero musical, como Mau Mau e Cashu.
Escolha seus pontos, DJs, ritmos ou baladas preferidos e boa madrugada no Centro.
Centro de São Paulo - Sáb. (28) e dom. (29), das 22h às 6h. Exceto ponto 15, que vai até às 8h. GRÁTIS
BALADAS
1. Terremoto Convida África Mãe do Leão e Zion Gate
Dedicado às apresentações sound system, que retomam a cultura originária dos guetos jamaicanos, os três coletivos paulistanos se unem em uma grande seleção musical em vinil, que viaja entre o início da década de 1970 e os dias atuais, e visita o reggae e suas vertentes, além de experimentalismos autorais.
Rua Vinte e Quatro de Maio, 62
2. Pata do Leão Convida Feminine Hi-Fi
O coletivo guarulhense formado pelos grupos Djanguru, Amerê Lion, Orobo e Judah descarrega três caminhões de caixas no centro para representar a cultura jamaicana. Eles convidam nomes como Sistah Chilli, Ery’k Raggamurffin e Negu Edmundo para os microfones. O ponto fica completo com o Feminine Hi-Fi, que valoriza as mulheres na linguagem do reggae.
Rua Vinte e Quatro de Maio, 247
3. Batekoo Convida Chernobyl e Bandida
O coletivo criado em 2014, em Salvador (BA), parte das manifestações culturais afro-diaspóricas para sua curadoria musical, que engloba ritmos negros e periféricos como rap, funk carioca, R&B, reggae, kuduro e dancehall selecionados por nomes como Artur Santoro, Wesley Miranda e Kiara Felippe. O grupo ainda convida a festa Chernobyl, que investe na estética dos paredões de som para recriar a aura dos bailes funk dos anos 2000 sob o comando de DJs como Slim Soledad. Idealizada por Badsista, o coletivo feminino Bandida completa o combo com sua proposta de equidade de gênero na música eletrônica. Jup do Bairro, Linn da Quebrada e Urias participam da programação.
Rua Barão de Itapetininga, 298
4. Baile do Risca Fada Convida Festa Mel e Desculpa Qualquer Coisa
Fernanda Tiozo, Lucas Hirai e Matheus Marques apostam no forró, guitarrada, brega, funk, carimbó, sertanejo, arrocha e pop nacional para dar o tom da festa criada para aproximar a cultura de boteco à população LGBT, que por vezes é afastada desses ambientes. No lineup ainda aparecem Tide, Ad Ferrera e Almir Rocha à frente da Mel, conhecida por explorar o brega nacional e abrir espaço para novos artistas e performances. A Desculpa Qualquer Coisa, voltada às mulheres LBT e encabeçada por Renata Corr, Sal Esaú e Elky Araujo, também faz sua estreia entre as atrações do evento.
Rua Sete de Abril, 386
5. Azagatcha + Trava Bizness + House of Zion + Coletivo Amem
Música, performance e a técnica de dança do voguing se misturam em um dos pontos que abrigam a representatividade negra e periférica. Foram convocados o coletivo Azagatcha; o Trava Bizness, primeiro selo musical de artistas transexuais do Brasil; a House of Zion, festa que abraça a cultura do ballroom —surgida na década de 1960 em Nova York e retratada na ficção em “Pose” e “Paris Is Burning”—, e a festa itinerante Amem, que promove debates sobre temáticas LGBT.
Rua Dom José de Barros, 40-55
6. Coletivo Pratododia All Star Convida Fiebre en la Selva e Baile dos Ratos
O famoso Boteco Pratododia leva para as ruas do Centro a energia da festa que acontece às quintas-feiras no espaço. DJs da casa, como Julião Pimenta, Moocado e K-Mina, abrem o lado B de seus sets, mostrando sons brasileiros menos conhecidos por quem frequenta o bar. O coletivo ainda convida a festa com discotecagem inteiramente em vinil Fiebre en la Selva, dedicada à música negra, tropical e latina. O projeto Baile dos Ratos, idealizado pelos pesquisadores musicais Nando Ronca, Thobias Silva e Maicow Leite, que explora o forró pé de serra, também em vinil, completa o line.
Rua Bráulio Gomes, 36-22
7. Palco Mandíbula
A micro pista do espaço na Galeria Metrópole desce para a praça para apresentar alguns dos DJs da casa e festas que sempre acontecem ali. É a chance de dançar, na mesma noite, o funk, reggae e dancehall da Bailão de Dois, os sets em vinil do Solta o Bass, que vão do punk ao disco, e a seleção musical de Gabriel Bocchese, que anima o espaço com ritmos como mod revival, garage e ska.
Praça Dom José Gaspar, s/n°
8. Coletivo Poros Convida Caldo e Capslock
O coletivo Poros, que há dois anos reúne artistas das vertentes mínima, experimental, dance e IDM da música eletrônica, convida a festa Caldo, que desde 2016 ocupa as ruas da cidade com a proposta de democratizar o acesso à eletrônica —especialmente ao house. A queridinha do público alternativo, Carlos Capslock, completa o palco que contará com DJs como Tessuto, Georgia, Victoria Ortiz e Yan Higa.
Praça das Artes - Avenida São João, 281
9. Vampire Haus + Techno de Rua + Ghost + Jaca
A festa Vampire Haus, comandada pelo casal Belalugosi (Suzana Haddad e Anderson Loki) e pelas Putas Vampiras, une seu techno gótico ao projeto Techno de Rua, criado em 2017, à festa Ghost, e a Jaca, que completa 13 anos em 2019.
Praça Ramos de Azevedo
10. Calefação Tropicaos e Ondas Tropicais: Homenagem à DJ Sonia Abreu (1951-2019)
Um dos destaques da programação é a emocionante homenagem à DJ Sonia Abreu, considerada a primeira mulher a discotecar profissionalmente no Brasil, que morreu em agosto deste ano. O lineup da Ondas Tropicais reúne Tata Ogan, Jai Mahal, Arthur Veríssimo, Theo Werneck, Fernando Figueiredo, Ezê Mattos, Chris Prado e Robertinho, que cruzaram caminhos com a paulistana. O ponto é coroado pela festa de música brasileira Calefação Tropicaos, representada por PG e Pita Uchôa, que há nove anos experimenta a mistura de ritmos como a psicodelia e os movimentos tropicália e manguebeat. Uma kombi, que faz referência à rádio ambulante que batizou a homenagem, completa o cenário.
Rua Bráulio Gomes, 163
11. Helipa LGBT Convida Crash Party e Perifa no Toque
O trio de coletivos que promove festas de rua em bairros periféricos mostra poderosa união que vai do funk 150 BPM ao ragga. O Helipa LGBT, de Itaquera, leva novamente para o Centro a sua força de mobilização que reuniu cerca de 12 mil pessoas em seu primeiro ano, e garantiu lugares no Carnaval e na Virada Cultural; a festa LGBT da zona sul, Crash Party, leva para a pista pop, dancehall e black music, além do mote da inclusão de corpos marginalizados, gordos, negros e da população LGBT; e o Perifa no Toque reúne DJs como Suk, Negão e Peroli eM sets que têm o funk como pilar.
Rua Marconi, 82
12. Mamba Negra Convida Blum, Sintética e Marsha!
A noite de música eletrônica criada por Cashu, uma das precursoras na utilização da rua e de espaços ociosos na capital paulista —o grupo já realizou festas em ocupações e prédios degradados—, convida o movimento queer Blum (que se debruça sobre a sonoridade do cold wave, acid house e techno), e os coletivos Sintética e Marsha!, que pensam a música eletrônica e a ocupação de espaços públicos para a população trans e travesti.
Rua Barão de Itapetininga, 78
13. Coletivo Grajaú Rap City Convida Arena do Flow, Applebum, Batalha Dominação e Skrrr
O ponto dedicado ao rap é encabeçado pelo coletivo da zona sul, que funciona como um catalisador da cultura hip-hop na região. Somam-se a ele o Arena do Flow, com sua tradicional batalha de MCs e a discotecagem de Erick Jay; o coletivo Applebum, formado por DJs que difundem a música negra por meio dos toca-discos; a Batalha Dominação, que mostra discotecagem que vai do neo soul ao afrobeat e tem como base a potência feminina e transexual; e o coletivo Skrrr, que mescla o trap a ritmos originalmente brasileiros.
Rua Conselheiro Crispiniano x Sete de Abril
14. Quartinho Void
O misto de bar, loja, balada e festinha carioca que desembarcou em São Paulo coloca as caras na rua com os residentes Nana Kohat, Atzok, ccccchaves, DKPVZ, Keny/\, Letricia e Babylon by Gus.
Rua Dom José de Barros, 301
15. Dia da Música Eletrônica
O palco inédito na programação do SP na Rua celebra o Dia da Música Eletrônica na cidade, comemorado no último domingo de setembro, com programação que une rostos novos e consagrados da forte cena paulistana. O ponto é o último a encerrar os trabalhos no evento, às 8h —são duas horas a mais de música. No lineup aparecem Akin, Andrea Gram, Cashu, Davis, Ella de Vuono, Márcio Vermelho, Mau Mau e Tessuto.
Largo do Paissandu, s/n°
16. Vitrine Galeria Olido
A vitrine do espaço que promove festas e shows gratuitos no centro da cidade recebe a parte mais experimental do SP na Rua. Ali acontecerão lives de rádios digitais, como a Veneno, que tem programação autoral e streaming 24 horas por dia; e de selos como o Apartamento 21 e a Onda Errada. A Roda de Sample, que faz referência aos tradicionais encontros de samba, também reúne produtores e colecionadores para improvisos musicais ao vivo.
Av. São João, 473
INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS
Além de música e festas, artistas visuais também dão o tom do evento. São feitas projeções dos grupos Imersão Urbana e Coletivo Coletores, que apresenta o projeto Graffiti Digital Cidade Risco —mescla de arte com tecnologia por meio de projeções de grafites e da técnica fotográfica do light painting, que captura desenhos feitos com pontos de luz. Há, ainda, instalações luminosas do coletivos Irmãs Lumièrra e do Estúdio Laborg, que apresenta aOrl_02, uma obra reativa que responde a sons ambientes.
1. Coletivo Coletores apresenta Graffiti Digital Cidade Risco
Rua Dom José de Barros, 40-55
2. Irmãs Lumièrra
Rua Sete de abril, 210-230
3. Estúdio Laborg
Rua Barão de Itapetininga x Rua Dom José de Barros
4. Imersão Urbana
Rua Barão de Itapetininga, 26
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