Guia avalia o serviço de 19 chapelarias de casas noturnas da cidade

Crédito: Paulo Pampolin/Folhapress

Deixar bolsas, casacos e outros objetos em chapelarias de casas noturnas nem sempre é sinônimo de segurança.

O Guia visitou as boates para avaliar o serviço de guarda-volumes e encontrou estabelecimentos onde as peças ficam amontoadas ou jogadas no chão. Além disso, foram poucos os lugares em que o atendente pediu a identificação do cliente ao guardar seus pertences --e houve até aqueles em que o local estava sem um responsável no momento da retirada.

Segundo o Código de Defesa do Consumidor, os clubes são responsáveis por assegurar a integridade dos objetos guardados.

Confira o "raio-X" de 19 chapelarias e dicas para não terminar a noite no prejuízo.

Vegas
O clube do Baixo Augusta possui uma chapelaria organizada. Bolsas, mochilas e roupas colocadas em cabides ficam visíveis, num espaço ao lado dos caixas --o registro da peça e o valor são anotados no cartão de consumo. No caso de perda do cartão, recuperam-se os dados do cliente e do armário, disponíveis por meio do sistema eletrônico.
O QUE DIZ A CASA: O procedimento padrão quando o cliente perde o cartão (que é o comprovante) é complexo: é preciso esperar a chapelaria ser totalmente desocupada e aguardar o contato posterior do clube para a devolução.
Informe-se sobre o local

Astronete
Não dá para se esbaldar na pista até o dia amanhecer. Apesar de a casa alegar que a chapelaria funciona até as 5h, nas visitas feitas pelo Guia o atendente informou que o local fechava entre 3h e 4h30 --além de não abrir em alguns dias da semana. Não é fornecido um comprovante.
O QUE A CASA DIZ: O clube afirma que o usuário tem o serviço marcado na comanda, e um funcionário anota o nome e o número do cartão para assegurar a entrega correta. Objetos esquecidos são guardados no local por até três meses; depois disso, seguem para doação.
Informe-se sobre o local

CB Bar
Apesar de a casa de rock ter um espaço adequado para guardar os objetos, é necessário deixar a bolsa bem fechada, pois os itens não são lacrados. Não exige documentos para a retirada e um pequeno papel é dado como comprovante.
OUTRO LADO: Os responsáveis analisam uma maneira de lacrar os objetos deixados no local.
Informe-se sobre o local

Carioca Club
O cliente paga pelo serviço na hora, somente em dinheiro. Os objetos ficam amontoados. No dia da visita, houve uma espera de 20 minutos para a retirada, pois a atendente não estava no local.
O QUE A CASA DIZ: A casa informa que os objetos são lacrados em um saco plástico e que, em caso de perda do comprovante, o cliente tem de esperar a chapelaria esvaziar e descrever o que deixou.
Informe-se sobre o local

Lions Club
Na boate, a chapelaria é honesta: os objetos não são lacrados, mas ficam em armários abertos e visíveis para os frequentadores. O funcionário não recolhe dados do cliente --todo o controle é feito por meio do cartão de consumo--, em caso de perda, os pertences ficam vulneráveis.
OUTRO LADO: A assessoria de imprensa diz que, se o cliente perder o cartão, encontra-se o armário por meio do sistema eletrônico. Mas, na hora, não é possível saber se o cliente é o verdadeiro dono dos objetos, já que pode apresentar o cartão de outro.
Informe-se sobre o local

Clash Club
É uma aventura ir até a chapelaria em noites movimentadas. Localizada atrás da pista, tem poucos atendentes. O número do local onde o objeto fica guardado é anotado em um pequeno pedaço de papel.
OUTRO LADO: A casa alega que o uso da comanda e a anotação do número desta no controle da chapelaria, confrontados com o recibo, são suficientes para garantir a segurança dos objetos.
Informe-se sobre o local

Crédito: Newton Santos/Folhapress

Comitê
É um martírio enfrentar as filas nos caixas do Comitê --o mesmo local serve para pagar o consumo e a chapelaria--, onde o tempo de espera pode chegar a 40 minutos. Na chapelaria, os itens são armazenados em sacolas. O controle é feito por meio de comandas.
OUTRO LADO: A casa declarou que irá aprimorar o serviço dos caixas. Também afirma que o cartão eletrônico é o suficiente para assegurar os itens.
Informe-se sobre o local

Ébano
É difícil usar a chapelaria, pois ela fica no subsolo e abre somente à 1h30, mas o local é adequado.
OUTRO LADO: A casa oferece a chapelaria somente quando a pista abre. Em caso de perda do cartão, a gerência pede ao cliente para descrever os objetos e checa os documentos.
Informe-se sobre o local

Diquinta
É preciso "rebolar" para usar a chapelaria. O serviço está no mesmo acesso estreito que leva aos dois banheiros. Há um aviso de que será feita nova cobrança se for preciso "mexer na bolsa". Não fornece recibo, e o comprovante é a comanda. O nome do cliente é anotado ao entregar os objetos.
O QUE A CASA DIZ: A casa afirma que a identificação do número nos pacotes e nas comandas garante a segurança, complementada por câmeras. O clube guarda os itens esquecidos por até um ano; depois, seguem para doação.
Informe-se sobre o local

Glória
O público que frequenta a boate costuma se "montar" com diversas roupas e acessórios. Mas não pode contar muito com a chapelaria, que é pequena e mal organizada --nas noites mais cheias, o local fica sem espaço para guardar os objetos. A funcionária do local não recolhe os dados dos clientes; o número do armário onde ficam os objetos é anotado em uma comanda de papel.
OUTRO LADO: No caso de perda da comanda, o cliente tem de descrever o objeto. A assessoria informa que há sacolas para lacrar os itens deixados na chapelaria; no entanto, elas não estavam disponíveis durante a visita do Guia.
Informe-se sobre o local

Grazie a Dio!
Ir à casa levando muitos objetos pode pesar no bolso. A cobrança é feita por item, R$ 4 por cada casaco, bolsa e guarda-chuva --do mesmo proprietário. Os objetos são armazenados em espaços pequenos e apertados. Não pede a documentação dos frequentadores.
OUTRO LADO: Os responsáveis pela casa afirmam que o método de assinalar no comprovante e no cartão de consumo do cliente o número correspondente do armário é suficiente para assegurar a entrega correta ao portador.
Informe-se sobre o local

Hot Hot
O método utilizado pela boate se destaca por sua praticidade. O cliente paga antecipadamente e recebe a chave de um armário. Em diversos tamanhos, os compartimentos têm preços que variam de R$ 5 a R$ 15. É um dos poucos lugares que retém o RG e exige a assinatura do frequentador em um cadastro. Em caso de perda da chave, há uma multa de R$ 20.
OUTRO LADO: Para a cobrança da multa, a casa alega que o cliente fica com a chave, portanto, é o responsável pelo armário e pelos objetos até a devolução da chave.
Informe-se sobre o local

Kiss and Fly
Os endinheirados que frequentam o clube não precisam pagar para utilizar a chapelaria. O local, no entanto, é pequeno e fica dentro do banheiro feminino, num canto ao lado da pia. Para usar o serviço, os homens têm de apelar para as acompanhantes.
OUTRO LADO: Segundo a assessoria de imprensa, os homens não têm direito de usar a chapelaria. No caso de perda do tíquete, o processo de verificação fica a cargo da atendente, que checa o número do armário e confirma os itens descritos pelo cliente.
Informe-se sobre o local

Sarajevo
Para curtir a balada no clubinho, é melhor dispensar a chapelaria. De cara, há o incômodo de ter de pagar pelo serviço na entrega e em dinheiro. As bolsas e peças de roupas ficam amontoadas em prateleiras improvisadas, sem nenhum tipo de cuidado. A atendente anota os dados do cliente e, no meio da noite, tem de fazer malabarismos para identificar os objetos.
OUTRO LADO: A gerência garante que, apesar das condições improvisadas de armazenamento, nunca houve problemas ou reclamações.
Informe-se sobre o local

Megga
A chapelaria da boate gay é espaçosa e bem sinalizada. Tem armários visíveis, com mochilas e bolsas armazenadas em sacos plásticos. O único porém é o comprovante, que é de papel, e o fato de o atendente apenas anotar na comanda, sem perguntar dado nenhum.
OUTRO LADO: No caso de perda da comanda, a casa pede para o cliente descrever com detalhes a peça para devolver. No caso de bolsas, checam o documento. A vantagem é que, em caso de problemas com os objetos, a chapelaria possui um sistema de câmera interno.
Informe-se sobre o local

Memphis
O clube dedicado aos quarentões não possui uma chapelaria que lacra os objetos. O comprovante é um elástico com um número de identificação e a chave do armário, que é aberto somente pela funcionária.
O QUE A CASA DIZ: O clube afirma que, além do elástico com chave, é fornecido um comprovante de papel e são anotados os dados do cliente-- o que não ocorreu no dia da visita, quando somente foi entregue o elástico. Caso o cliente perca a chave, a gerência possui cópias para abrir.
Informe-se sobre o local

Mokaï
A cortesia da chapelaria é privilégio das moçoilas. O acesso é através do banheiro feminino, e os rapazes precisam pedir para as amigas darem uma força ou contar com os seguranças. Os itens ficam bem armazenados e há "cabideiros". Fornece comprovante, mas não exige documentação.
OUTRO LADO: A boate alegou que a chapelaria é um mimo para as mulheres, pois o serviço é gratuito, e os homens não o utilizam tanto. Também alega que o armazenamento é seguro, pois as bolsas são lacradas e há câmeras de vigilância.
Informe-se sobre o local

Royal
Requintado, o clubinho frequentado por jovens superproduzidas não cobra pela chapelaria. Não pede documentação, mas a atendente recomenda que os clientes chequem a bolsa antes de guardá-la, e os objetos são lacrados. Há também um "cabideiro" para armazenar os casacos.
Informe-se sobre o local

The Week
Um dos problemas que o público enfrenta ao chegar na boate é a localização da chapelaria, que é longe da porta de entrada e da saída do clube. Mas o local é espaçoso e até nas noites mais cheias é possível encontrar espaço disponível. O preço alto e o comprovante de papel são desfavoráveis.
O QUE A CASA DIZ: Caso o cliente perca o comprovante de papel, ele deve descrever os objetos e, na hora, é feito um recibo de entrega. Em caso de problemas com o que foi deixado, a casa informa que segue as leis do Código do Consumidor.
Informe-se sobre o local

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais