Em uma noite de quinta-feira, é possível intercalar goles de cervejas no centro de São Paulo com dicas sobre o seu relacionamento e pistas sobre o momento no trabalho.
Na Casa Lúpulo, bar inaugurado no início deste ano na Vila Buarque, a bebedeira se mistura a sessões de tarô feitas entre mesas, chopes e geladeiras abarrotadas de cerveja —afinal, ali não é só o álcool que faz a clientela ficar refletindo sobre a vida.
Quem embaralha e tira as cartas é Juliana Bernardo, taróloga e dona do espaço. Apesar de estar integrado ao bar, o misticismo se desenrola em uma mesa específica, redonda, com vela e um pano azul de veludo.
Os atendimentos podem ser feitos por qualquer cliente. A recomendação é que a consulta seja marcada antes, mas quem se animar na hora também pode ter vez —até porque, às quintas, todos que consumirem têm direito a tirar uma carta gratuitamente com a taróloga. Mas há atendimentos mais profundos, em qualquer dia: sessões de dez minutos custam R$ 50, as de 20 minutos saem por R$ 90 e, para quem tiver muito o que perguntar para as cartas, atendimento de 30 minutos têm desembolso de R$ 140.
Bernardo comenta que as pessoas geralmente se surpreendem com o tarô no meio do bar, mas que foram as cartas que fizeram a Casa Lúpulo abrir as portas. "Durante nove anos tentei abrir um bar. Foi com o dinheiro do tarô que consegui", diz ela, que também tem um canal do YouTube chamado Tarot Bar, com dicas e cartas da semana.
Enquanto os baralhos são espalhados pela mesa, as cervejas artesanais disponíveis no cardápio podem acompanhar a sessão. A Barra Funda de 600 ml, que faz homenagem ao bairro paulistano, custa R$ 15, enquanto a Black Mist de 473 ml, uma stout com teor alcoólico de 10,9%, sai por R$ 31,90.
O ambiente intimista tem luz baixa e lotação máxima de apenas 22 pessoas —mesma quantidade dos arcanos maiores do tarô, que são as principais figuras do baralho.
A decoração é feita com peças garimpadas e objetos reutilizados, que fazem o bar estreito ganhar ares aconchegantes, com sofás e velas. "As pessoas comentam que parece que entraram num portal", comenta Bernardo.
O jeitão para encantar os jovens místicos parece ter seduzido também os pais da taróloga, que dividem com ela as obrigações diárias do endereço —sobretudo enquanto ela está tirando cartas para algum cliente. Tinho, apelido de Gilberto, o pai, foi por quase 30 anos dono de um bar na Vila Maria, bairro na zona norte da cidade, mas que fechou durante a pandemia.
"Aqui vêm jovens, velhos, homens, mulheres, travestis, é bem diferente do meu outro bar, que era um boteco tradicional, com cervejas normais e os pinguços do bairro", diz Tinho. "Aqui as cervejas são artesanais, estou gostando da mudança", afirma ao lado da mulher, Lúcia.
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