Conheça a rua de Pinheiros que é destino final de festeiros em SP e tem música alta até o dia raiar

Bares da Edson Dias, como o Meretriz e o Azulzinho, podem ter rotina mudada com novo prédio

São Paulo

Na madrugada do último sábado de março, quando São Paulo sediava a o festival de música Lollapalooza, mais uma mistura de sons podia ser ouvida em outro canto da cidade horas depois de o Autódromo de Interlagos ter fechado as portas.

Na pequena rua Edson Dias, em Pinheiros, que faz esquina com a rua Cunha Gago e com a avenida Pedroso de Morais, mais de uma centena de pessoas circulavam pela via que se tornou um dos pontos mais cheios da noite do bairro da zona oeste paulistana.

Clientes do Drink's Bar e da nova junção entre Azulzinho e Meretriz na rua Edson Dias, em Pinheiros
Clientes do Drink's Bar e da nova junção entre Azulzinho e Meretriz na rua Edson Dias, em Pinheiros - Ronny Santos/Folhapress

Em uma calçada, sob a televisão colada na parede do Drink’s Bar —que transmitia o show da cantora Ludmilla feito naquela tarde no festival— casais dançavam a sequência de sucessos do forró da banda Falamansa ao lado de uma banquinha de drinques cheia de frutas coloridas.

No bar colado a ele, um grupo de mulheres fazia a dancinha do TikTok do hit do Carnaval de Leo Santana, "Zona de Perigo", e, no Meretriz, todas as mesas de sinuca estavam ocupadas e com uma longa fila de espera.

Do outro lado da rua o nível de decibéis era bem maior. Em um bar, jovens segurando copos de bebida ouviam funk e, no estabelecimento ao lado, clientes sob fortes luzes azuis dançavam músicas tocadas por um DJ que comandava a festa no espaço carinhosamente apelidado de Azulzinho, que funcionava ali desde 2016 com uma disputada jukebox em que cada pedida musical custa R$ 0,50.


Esse movimento, que preenche boa parte dos cem metros da Edson Dias e lota os botecos da rua de jovens ávidos por um "after" —local para onde as pessoas vão quando todos os outros da cidade já fecharam— cresceu à medida que as regras de isolamento da pandemia ficaram mais flexíveis na capital.

O combo de som alto ao ar livre, bebidas baratas e a garantia de uma festa até bem depois da 1h, hora em que bares de Pinheiros normalmente fecham as portas, conquistou um público tão diverso quanto os estilos musicais que saem das caixas de som da rua.

Loja que era ocupada pelo Azulzinho até o fim de março deste ano; lado esquerdo da rua será demolido para a construção de um empreendimento
Loja que era ocupada pelo Azulzinho até o fim de março deste ano; lado esquerdo da rua será demolido para a construção de um empreendimento - Ronny Santos/Folhapress

"A galera começou a subir para cá porque os bares sempre ficaram até às 6h, então todo mundo vem depois que sai do Estepe, do Amata, do Kingston [casas da região]. E a rua foi pegando, tanto
que hoje ninguém a conhece como Edson Dias, e sim como Meretriz. O rolê sempre acaba aqui", diz Delly Oliveira, uma das sócias do espaço.

Naquela noite do Lollapalooza, no entanto, o Azulzinho se despedia daquele lado da via para passar a dividir o teto com o bar mais conhecido da área, o Meretriz, do mesmo dono. Seu vizinho de calçada também se preparava para fechar as portas e se transformar em uma tabacaria que vende bebidas e ocupa apenas uma portinha na Cunha Gago, ao lado do Shiba Market —novidade que mistura bar e balada e que vem fazendo sucesso nos últimos meses.

O motivo da debandada foi a compra dos terrenos do lado esquerdo da rua pela incorporadora Yuny, que vai lançar um empreendimento imobiliário no local. A conhecida balada Kingston, que fica na rua paralela à dos bares, também anunciou que vai fechar as portas ainda neste mês pelos mesmos motivos.


O fechamento faz parte de uma tendência de verticalização do bairro que se acentuou durante a pandemia e já encerrou a atividade de outros espaços, como a casa de shows Bona, que ficava na mesma rua Álvaro Anes em que o Kingston está situado e que será reaberta em outro local.

Segundo Oliveira, do Azulzinho, a notícia de que teriam de sair do imóvel foi dada em setembro, e as obras do novo empreendimento já devem começar nos próximos dias. "O pessoal está um pouco apreensivo porque ninguém sabe como vai ficar o movimento depois que tudo for demolido", diz a dona do Azulzinho, contando que também se preocupa com as reclamações de barulho quando os prédios ficarem prontos.

Procurada pela reportagem, a incorporadora Yuny não respondeu sobre a previsão de conclusão das obras até a publicação desta reportagem. "Nesse final de semana já ficou um pouco mais parado. Tá todo mundo nessa, vai ficar muito bom ou muito ruim", diz Oliveira.

Enquanto isso, no número 99 da Edson Dias, o Azulzinho uniu sua famosa jukebox às mesas de sinuca do Meretriz —R$ 5 por ali rendem uma partida ao som de quatro músicas — e continua servindo cervejas, copões de Kariri com mel e outros drinques de terça a domingo, das 17h "até a hora que tiver cliente".

5 lugares para conhecer ali perto

Coffeeshop Club
R. Cunha Gago, 599, Instagram @coffeeshop.club. Qua., sex. e sáb., a partir das 22h. Ingressos antecipados em coffeeshop.hoppin.com.br

Estepe
R. Cunha Gago, 588/583, Instagram @estepe.sp. Todos os dias, das 15h às 24

Meow Club
R. Cunha Gago, 678, Instagram @meow.maison. Qui. a sáb., a partir das 22h. Ingressos antecipados em meow.hoppin.com.br

Moela
R. Cardeal Arcoverde 2.320, Instagram @barmoela. Seg. a qui., das 16h às 23h; sex., das 16h às 24h; sáb., das 12h às 24h; dom., das 12h às 18h

Shiba Market
R. Cunha Gago, 559, Instagram @shiba.market. Qua. e qui., das 18h a 1h; sex. e sáb., das 18h às 2h

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