A ex-Love Story, chamada agora de Love Cabaret, tem sua estreia marcada para o dia 23 de junho. Conhecido "after" do centro, balada que se alongava pela madrugada, o endereço se transformou em uma casa de espetáculos eróticos —que serão realizados no começo da noite, com entrada a partir de R$ 30.
A famosa pista de dança foi mantida e deu lugar ao espaço das apresentações. Em um palco circular, vão acontecer shows inspirados em striptease, voyeurismo, BDSM (amarração, dominação e sadomasoquismo, entre outras práticas que podem até envolver a dor) e shibari (prática erótica japonesa com cordas).
Um motel da rede Lush também está previsto para o andar de cima.
A curadoria das apresentações é feita por Mayumi Sato, pesquisadora e diretora do Sexlog, uma rede social de sexo, ao lado da artista Indra Haretrava e da drag queen Ikaro Kadoshi. Todas as performances terão até 15 minutos de duração, e a noite será conduzida por Indra Haretrava. Com pai pastor, Haretrava começou a cantar na igreja e se entendeu como travesti em uma viagem para a Índia.
A ideia do projeto veio do trio de empresários Facundo Guerra, Lily Scott e Cairê Aoas, e manteve a tônica erótica da Love Story —agora explorando a temática da liberdade sexual. No ensaio de uma apresentação feito para amigos e funcionários, era possível ver diversidade entre os artistas, com travestis, homens gays e mulheres com diferentes corpos, como dançarina Jelly Bunny, que faz shows burlescos.
Inclusive, a casa trocou o slogan de "Casa de todas as casas" para "Casa de todos os corpos". "Nosso objetivo é celebrar a diversidade, ser um lugar que dá protagonismo a pessoas e culturas que vivem à margem", afirma Facundo.
De acordo com o empresário, o público feminino foi de 65% durante a venda de ingressos antecipados para as duas primeiras noites de abertura.
O arquiteto e designer Maurício Arruda, conhecido pelo programa Decora, do canal GNT, assinou a reforma do espaço, que custou R$ 5 milhões –parte desse valor foi obtido com a venda de cotas a investidores em uma plataforma de financiamento.
Em volta do palco, agora existem cadeiras e mesas. A capacidade foi reduzida de 600 para 250 pessoas. Na área atrás do palco fica o balcão do bar, com drinques assinados por Michelly Rossi, do Bar dos Arcos.
A carta de bebidas usa trocadilhos remetendo a figuras da cultura e da mitologia ligadas ao sexo e ao amor. Os copos têm decoração de pequenas amarras. Entre os drinques, aparece o Freya (deusa nórdica da fertilidade, do amor e da guerra), que leva gim, cordial de poejo, vermute seco e suco de limão (R$ 46). Há também opções não alcoólicas.
O espaço do antigo bar virou a cozinha, com cardápio elaborado por Matheus Zanchini, do Borgo. É possível escolher entrada, prato principal e sobremesa, com a mesma pegada de um restaurante. Zanchini optou por um cardápio enxuto com clássicos revisitados como o arroz biro-biro, que nesta versão é um risoto com ervilha fresca, batata palha, cebola tostada e ovos ralados (R$ 68).
Os ingressos para entrar na Love Cabaret, que fica em frente ao edifício Copan, no centro de São Paulo, custarão entre R$ 30 e R$ 360. Enquanto a antiga casa ficava aberta "até o último cliente", agora ela funciona das 19h à 1h às quintas e sextas, e das 19h às 3h no sábado.
A Love Story entrou com um pedido de recuperação judicial em agosto de 2018 —contabilizava uma dívida de quase R$ 1,7 milhão— e teve sua falência decretada em 2021. No mesmo ano, um leilão no valor R$ 5,5 milhões foi iniciado para ressarcir os credores, mas ninguém deu lance.
O trio de empresários, então, ofereceu R$ 200 mil, valor aceito pelo juiz que acompanha o processo.
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