Mercearia São Pedro, clássico bar da Vila Madalena, deve fechar em três meses, diz sócio

Processo de venda do imóvel está chegando ao fim, de acordo com Marcos Benuthe

São Paulo

Desde 2021 em meio a um imbróglio jurídico envolvendo dois irmãos, a Mercearia São Pedro —conhecido ponto de encontro de escritores, artistas e boêmios na Vila Madalena— está cada vez mais próxima de fechar oficialmente as portas. Segundo Marcos Benuthe, o Marquinhos, filho do fundador e uma das metades envolvidas no processo, o bar deve parar de funcionar até abril.

A Mercearia São Pedro, bar tradicional da Vila Madalena
A Mercearia São Pedro, bar tradicional da Vila Madalena - Gabriel Cabral/Folhapress

Este, de acordo com Marquinhos, é o prazo que a incorporadora que comprou o terreno do número 34 da rua Rodesia, onde fica o bar, tem como expectativa para a resolução de todas as pendências documentais da venda. A última etapa, que envolve a finalização de um inventário, estaria travada.

Quando os primeiros rumores sobre a venda da Mercearia apareceram, Marquinhos havia dito que o imóvel seria demolido para a construção de um empreendimento imobiliário, e Pedro, seu irmão e responsável por administrar a Mercearia atualmente, negou que houvesse qualquer negociação em curso—embora Marquinhos insistisse que já estaria recebendo adiantamentos pela venda.

"Na época o Pedro dizia que só havia vendido o imóvel da esquina. Mas agora os clientes e funcionários já dizem que a Mercearia está vendida e que a incorporadora ainda comprou o imóvel ao lado, onde funciona um brechó", disse o antigo dono do espaço, que hoje toca a Ria Livraria no mesmo bairro.

A confusão ainda ganhou uma nova camada quando, em agosto daquele ano, a Justiça de São Paulo determinou a venda de outros três imóveis que pertencem à família Benuthe —todos vizinhos do bar.

A decisão partiu de outra disputa judicial envolvendo os dois irmãos. Como coproprietário dos imóveis, Marcos pediu a venda dos prédios dizendo que houve quebra de confiança na sociedade e dificuldade na administração. Segundo o processo, ele não teria acesso à sua parte nos aluguéis referentes aos locais e preferiu dividir o valor que virá com a venda das construções.

Procurado nesta quarta-feira (18), Pedro, a outra parte da sociedade, afirmou à reportagem que não falaria sobre o assunto por orientação de seu advogado. Nos episódios anteriores, ele também foi procurado e não se pronunciou sobre estas vendas ou a situação do processo.

Uma das calçadas mais concorridas da capital paulista, a Mercearia São Pedro foi inaugurada em 1968 por Pedro Benuthe, pai de Pedro e Marcos. Parte da história do estabelecimento está eternizada nas páginas de "Saideira - O Livro dos Epitáfios", antologia organizada pelos escritores Marcelino Freire e Joca Reiners Terron, que chegou às livrarias em abril de 2018 em comemoração dos 50 anos da casa.

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