Bela Gil inaugura restaurante em São Paulo com delivery de comida saudável

Croquete de taioba, linguiça de tofu e vinagrete de banana integram menu do Camélia Òdòdó

São Paulo

Há duas semanas, Bela Gil incluiu mais uma atribuição ao já extenso currículo de culinarista, escritora, apresentadora de TV e embaixadora informal da gastronomia saudável: abriu o primeiro restaurante em São Paulo. Na Vila Madalena, é claro.

Batizado de Camélia Òdòdó, o empreendimento é um misto de café e restaurante que oferece um menu repleto dos adjetivos que tornaram Bela famosa. É saudável, orgânico, vegetariano e tem receitas feitas com produtos locais e práticas sustentáveis.

"Hoje estamos com uma equipe pequena na cozinha e conto com a ajuda do meu marido e da minha filha", conta a cozinheira, que planeja abrir o espaço e receber presencialmente o público assim que o plano de quarentena do governo de São Paulo permitir. Por enquanto, os pedidos devem ser feitos exclusivamente via delivery.

O cardápio traz opções para o dia a dia, com petiscos, sanduíches, saladas, pratos principais, massas, sobremesas e bebidas frias. "As receitas são uma compilação de alguns dos meus pratos favoritos que já experimentei, criei ou em que me inspirei", diz. Alguns deles já foram ensinados na TV, enquanto outros costumam ser feitos em casa para os amigos e os filhos.

Entre os pratos, há a feijoada. O prato custa R$ 45,10 e é servido às quartas, como de costume. Mas, como é de se esperar, não é qualquer feijoada —ela é feita com feijão preto de famílias camponesas do Paraná, tofu defumado, abóbora cabotiá e quiabo. Vem ainda com linguiça caseira de tofu, salada de couve com laranja e pimenta-dedo-de-moça, farofa de castanhas brasileiras e arroz da terra.

Para beliscar, uma sugestão é a porção de salgadinhos, com coxinha (de jaca), quibe (de abóbora com bertalha) e croquete (de taioba). A opção custa R$ 25 e vem com duas unidades de cada quitute. Outra dica são os patacones, a R$ 28, que são os discos de banana-da-terra fritos servidos com vinagrete feito com a casca da fruta.

O menu, aliás, é praticamente vegano, não fosse o mel de abelhas nativas usado para finalizar alguns dos pratos e que Bela considera "uma deliciosa maneira de conservar a biodiversidade das nossas abelhas". "Também uso ghee [manteiga clarificada] feito de nata orgânica no preparo da massa do nosso pastel com recheio de ricota de tofu."

Ao ser perguntada sobre o nome escolhido para o negócio, Bela conta que sempre foi fã de chá verde, pois os pais —o músico Gilberto Gil e a empresária Flora Gil— sempre tomavam a bebida após as refeições.

"O nome científico da planta do chá verde é Camellia sinensis. Há muitos anos, descobri que essa é a planta denominada de chá, o resto são infusões —camomila, erva-doce, capim-limão etc.", começa a explicar.

"Há alguns anos, meu pai e Caetano fizeram uma música chamada 'As Camélias do Quilombo do Leblon'. Logo depois, fui a uma apresentação da escola da minha filha [Flor Gil]. Nela, havia um mural de camelias de papel que descrevia o significado da flor durante o período da abolição. A flor da Camellia japonica servia como uma espécie de código de identificação entre os abolicionistas, e seu maior cultivo no Brasil era no quilombo do Alto Leblon, no Rio de Janeiro. Quem usava camélia na lapela ou a plantava no jardim era um abolicionista confesso. Por isso também o nome òdòdó, que significa flor na língua iorubá. E seguimos para a segunda abolição", finaliza a cozinheira.

O nome do restaurante é, afinal, como os pratos que serve –o resultado parece simples, mas Bela acrescenta camadas e camadas de significados.

Camélia Òdòdó

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais