A saga "Harry Potter" terminou há uma década, com a exibição de "As Relíquias da Morte - Parte 2" nos cinemas, em 2012. Mas a história do bruxinho que marcou uma geração ainda inspira a abertura de restaurantes temáticos em São Paulo.
Só nos últimos cinco meses, mais dois endereços abriram as portas na capital paulista, criados para atrair os fãs do universo inventado pela escritora inglesa J.K. Rowling. Um deles é o Travessa do Bruxo, hamburgueria que funciona desde novembro do ano passado em um sobrado de esquina no Tatuapé, na zona leste.
A decoração lembra cômodos de um castelo, com paredes em tons terrosos e tijolos aparentes. As luminárias dispostas nas mesas têm formato de chapéu de bruxo. Uma gaiola exibe uma coruja branca —referência a Edwiges, bicho de estimação de Harry Potter. Quadros com imagens de magos e vassouras completam o ambiente.
Os clientes, compostos por famílias, casais e crianças, são chamados de bruxinhos pelos atendentes e é preciso levantar uma varinha para fazer os pedidos.
Logo na entrada, o visitante encontra casacos semelhantes aos uniformes usados pelos bruxos nos filmes, chapéus e varinhas para fazer selfies. O pano de fundo é uma parede forrada com envelopes de cartas e pôsteres dos animais fantásticos que estão na história da franquia.
O cardápio traz sanduíches e bebidas com nomes que brincam com o mundo bruxo, como o Cornelius: disco de carne, queijo prato, alface americana, tomate cebola roxa e maionese verde no pão de brioche. A opção custa 34,90.
De entrada, a dica é provar a porção de dadinho de mandioca com parmesão, servido com geleia de pimenta (R$ 29,90).
As bebidas abusam de gelo seco, que cria uma fumaça para imitar o efeito de poções mágicas. As não-alcoólicas misturam água com gás e xarope de frutas como cranberry e morango. O copo custa R$ 12,90 e parece um becker.
A cerveja amanteigada, bebida típica da franquia, é criada aqui com sorvete de baunilha, xarope de limão-siciliano e melaço de cana. Custa R$ 24,90. A versão alcoólica leva conhaque e uísque e sai a R$ 32,90.
De sobremesa, é servido o bolo do filme "A Pedra Filosofal", feito de massa de chocolate coberto por glacê rosa claro e dizeres em verde. Na hora de ir embora, é possível comprar itens temáticos como varinha, a partir de R$ 65, e caneca, ao preço de R$ 38.
O outro restaurante é o Varinha Mágica, aberto também em novembro no shopping Ibirapuera, zona sul da cidade. O local segue o estilo "dining experience", como são chamadas as refeições acompanhadas de espetáculos.
A moda, comum nos parques de diversões da Disney, nos Estados Unidos, desembarcou em São Paulo nos últimos anos e já ganhou versões com dinossauros, ETs e Cinderela.
É preciso comprar ingresso com hora marcada. O espaço, itinerante, fica no shopping até o fim de maio —até agora, recebeu 16 mil pessoas. O evento dura duas horas. Na primeira, a comida é servida.
No menu, há porções como a de batata frita (R$ 32) e nuggets (R$ 43). O hambúrguer custa de R$ 50 a R$ 55 e o cachorro-quente, R$ 27. O nhoque a bolonhesa sai a R$ 55. Para beber, há as chamadas poções mágicas, com água, xarope de frutas e gelo seco —custa R$ 25 o copo. Para finalizar, há sobremesas como pudim de leite, a R$ 34.
Na segunda hora do espetáculo, crianças e adolescentes são convidados a participar de brincadeiras pelo salão. Enquanto isso, os mais velhos fazem fotos nos ambientes instagramáveis.
A decoração lembra um castelo. Na entrada, há esculturas de gárgulas e de dragões. O acesso é por uma porta escondida por papel de parede de tijolo —referência à plataforma 9 ¾ de "Harry Potter". É preciso passar por fotógrafos que fazem imagens vendidas aos clientes durante o show. Uma loja vende varinhas, roupas e outros itens temáticos.
Chega-se a um salão decorado com candelabros, aranha gigante no teto e morcegos. Em uma estante, há varinhas e bandeiras de quatro casas de uma escola de bruxaria –cada uma com sua cor e seu símbolo. No meio, há um palco. Em outro canto, há fotos de personagens da saga.
A comida é mero coadjuvante. O principal é a encenação. Atores fantasiados passeiam por entre as mesas, fazem truques de magia. contam histórias e interagem com o público.
Embora tudo nesses restaurantes celebre o universo criado por J.K. Rowling, nada é oficial de "Harry Potter". Isso porque os estabelecimentos não detém os direitos autorais da marca. Caso a usem, têm que pagar à detentora, Warner Bros. Em 2018, a lanchonete "Vassoura Quebrada", em São Paulo, foi obrigada a mudar de nome após uma notificação do estúdio.
Os dois endereços têm atraído filas de fãs desde a inauguração, sobretudo aos fins de semana, repetindo o sucesso de outros restaurantes do gênero.
"Esses lugares temáticos atraem um público grande, que quer se sentir o mais próximo possível deste universo bruxo", afirma Saulo Fortunato, dono do Travessa. Fã da saga, ele diz que escolheu o bairro do Tatuapé porque sentia falto de algo de "Harry Potter" na zona leste da cidade. "Percebemos que ainda há mercado. Esse tema ainda perpetuará por muitos anos", diz.
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