Tradicional na Liberdade, Peixaria Mitsugi vira bom restaurante com sashimis e drinques

Dificilmente se chega à Peixaria Mitsugi por um acaso. Ela fica escondida nos fundos de uma galeria na Liberdade, na qual convivem tendas mal-ajambradas de artigos diversos.

Anunciada com um luminoso de néon desde outrora, a peixaria tem mais virtudes que a tornam particular: está em operação desde a década de 1970, quando o imigrante japonês Sozaburo Mitsugi abriu as portas para vender seu peixe.

Foi o pupilo de Mitsugi, o maranhense Antonio da Silva, 47, há mais de 20 anos a cortar peixes ali —sem o hábito de comê-los, olha só—, que assumiu o comando depois da morte do proprietário, há cinco anos.

Sashimi de camarão-rosa servido na Peixaria Mitsugi
Sashimi de camarão-rosa servido na Peixaria Mitsugi - Luiz Aymar/Divulgação

A competência de Antonio o tornou cobiçado por um público cativo que frequenta o bairro. À beira de fechar, um desses clientes, o psicanalista Luis Fernando Santos, 32, comprou o espaço para mantê-lo vivo e abriu-se, pois, uma nova fase.

Seguem os azulejos e a aura de antigamente, segue a peixaria, segue o Antonio. Agregaram-se mesinhas e um balcão para que os sashimis, antes vendidos só para viagem, possam ser consumidos ali.

Que beleza: são cortes viçosos, em boa espessura, só do que há de mais fresco no dia. Pode haver atum, olho-de-boi, carapau, salmão —todos cobrados por peso (R$ 150, o quilo), com o mínimo de 300 g por pedido. O movimento cresceu de tal forma que agora só recebe quem tem reserva.

Ao cardápio foram incorporados bons drinques, ovas (de salmão e de ouriço), gohan (o arroz japonês glutinoso, macio, suave e muito bem-feito; R$ 6) e missoshiro, o caldo de missô caseiro e cabeça de peixe (R$ 5). Para acertar a receita deste, a equipe recebeu uns pitacos do seu Ito, do vizinho Aska, um privilégio. Fez jus aos ensinamentos, e o resultado ficou delicado, com bom equilíbrio de sal, uma raridade.

Surgem, vez ou outra, preparos quentes —as lulas peruanas no alho e óleo (R$ 35, 150 g) são grandes e carnudas e de textura bem-cuidada, sinal de cocção precisa. Quiçá haja a surpresa de dar de cara com um toro (R$ 200, o quilo), o corte mais nobre do atum gordo, extraído da barriga, róseo, brilhante, capaz de untar a boca, um êxtase.

Avaliação: bom

R. Galvão Bueno, 364, Liberdade, região central, tel. 3567-7670. 25 lugares. Ter. a qui.: 12h às 15h. Sex. e sáb.: 13h às 16h e 20h às 23h. Somente com reserva p/ peixariamitsugi@gmail.com. 

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais