Bares de vinho abertos em SP na pandemia têm rótulos mais acessíveis e ambiente descontraído

Conheça dez endereços dedicados à bebida que oferecem de garrafas tradicionais a orgânicas

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São Paulo

Foi-se o tempo em que sair para tomar vinho era sinônimo de encarar restaurantes sisudos com garçons engravatados que ofereciam, com termos técnicos, rótulos estrangeiros de cifras altas. Experiência que poderia ser acompanhada de um certo constrangimento na hora de escolher a bebida.

Nos últimos meses, surgiu em São Paulo uma nova safra de bares de vinho com serviço informal em ambientes descontraídos. São locais que oferecem a bebida a preços mais acessíveis, com taças partindo de R$ 9, e cartas que priorizam rótulos brasileiros, orgânicos e de baixa intervenção.

Os novos endereços abandonam o clima de caverna com luz baixa e dão lugar a espaços abertos e descolados, com tons pastéis na decoração e clima de sala de casa. Na maioria, os próprios donos conversam com o público para dar sugestões e explicações básicas do universo vínico para os iniciantes.

Essa iniciativa parte de chefs, sommeliers e amantes de vinho que buscavam lugares especializados com ambiente despretensiosos para tomar a bebida sem que a conta final chegasse a centenas de reais.

"É um caminho que surgiu da popularização do vinho brasileiro e que tenta sair do elitismo do mundo dos vinhos", explica Renata Figo, ex-maître do Barú Marisqueria. Ao lado da sommelière Lua Sampaio, ela abriu o Flua, um bar instalado na garagem da própria casa, na Vila Ipojuca, na região oeste.

O movimento foi impulsionado pelo aumento do consumo de vinho durante a pandemia e por um consumidor mais aberto a experimentar a bebida, avaliam os donos dos estabelecimentos.

A abertura de novos locais para atender a essa demanda é similar ao que aconteceu com bares de coquetelaria anos atrás, avalia Bruno Bocchese. O publicitário, que está à frente do Fel e já comandou casas como Mandíbula e Cama de Gato, estreou em setembro o Paloma, boteco de vinhos no térreo do Copan.

"Tivemos uma onda de cervejarias artesanais. Agora, estamos vivendo isso com o vinho, e com vinhos de baixa intervenção, mais baratos", diz a chef Dadis Vilas Boas, do Pingue, em funcionamento há dois meses. "As pessoas estão tendo uma aceitação maior."

Por outro lado, surgem também iniciativas de grifes do setor, como a Casa Chandon, em São Paulo, um espaço temporário que oferece degustação de vinhos, jantares e shows e que se encerra neste fim de semana.

A seguir, conheça dez endereços que destacam os vinhos que abriram na cidade durante a pandemia.

Altruísta Osteria e Enoteca
A enoteca oferece aproximadamente 450 rótulos de vinhos, 150 deles envelhecidos, servidos em taça ou garrafa, que também pode ser levada para casa. A seleção passa por países como França, Argentina e Itália, que aparece no cardápio de influência italiana, com massas produzidas na cozinha do local. Entre as pedidas, o cavatelli é servido com molho matriciana e polvo crocante —custa R$ 88. Aos sábados, há degustação gratuita de cinco tipos de vinhos.
Al. Campinas, 952, Jardins, região oeste, tel. (11) 3142-9962. Delivery via iFood, Rappi e WhatsApp (11) 3142-9962


Clos Wine Bar e Bistrô
À frente do charmoso bar de vinhos com pegada de bistrô está a primeira campeã do MasterChef, Elisa Fernandes, que prepara pratos focados em vegetais e frutos do mar. A casa, inaugurada no fim de agosto, conta com 140 rótulos de fermentação natural e baixa intervenção, todos eles disponíveis em garrafa ou em taça, com preços que partem de R$ 28.
R. Girassol, 310, Vila Madalena, região oeste, tel. (11) 94188-0199 (WhatsApp)


Flua
A dupla Renata Figo e Lua Sampaio serve vinhos naturais e biodinâmicos, a maioria de pequenos produtores, nas poucas mesas do bar instalado na garagem da casa onde vivem. Os rótulos, cerca de 30, são renovados periodicamente, abertos por taça, que custam de R$ 20 a R$ 32, ou garrafa. Os petiscos para acompanhar a bebida também são rotativos, com destaque para frios, queijos, embutidos artesanais e empanadas. Às segundas, o local oferece um tipo de xepa, com garrafas que foram abertas, mas não foram vendidas completamente —cada taça sai a R$ 15.
R. Rodrigues de Campos Leite, 13, Vila Ipojuca, região oeste. Instagram @flua_ipojuca


Iaiá Cave à Manger
Para matar a sede, dá para escolher entre uma seleção de rótulos nacionais e de países como Argentina, França, Portugal, Chile e Espanha e bebericar no salão à meia-luz ou no quintal, com sofás espalhados e mesas altas ao redor de uma jabuticabeira. Entre as sugestões, está o Single Vineyard (R$ 109 a garrafa), vinho tinto produzido na região de Bento Gonçalves (MG) com uvas syrah, que pode ser acompanhado por queijos e conservas do empório, como a de quiabo com pimenta.
R. Iaiá, 44, Itaim Bibi, região sul, tel. (11) 3297-2163. Delivery via Rappi e site iaia.accon.app


Miles Wine & Jazz Bar
Em ambiente despojado, inspirado nas casas de jazz de Nova Orleans, serve 116 rótulos da bebida em garrafa e seis variedades em taça. Uma das sugestões é o argentino Canal Flores Reserva (R$ 189 a garrafa), feito com uvas malbec, com toques de syrah e de cabernet sauvignon. O menu tem pizzas napolitanas de fermentação natural e entradinhas como tapas e, na trilha sonora, shows de jazz, soul e blues.
R. Antônio de Macedo Soares, 1.373, Campo Belo, tel. (11) 5092-3270 e (11) 99308-2739 (WhatsApp). Delivery via Goomer, iFood, Rappi e Uber Eats


Paloma
Inaugurado em setembro no térreo do Copan, o bar é dos proprietários do vizinho Fel. O serviço é simples e o cardápio, de inspiração botequeira. Ao redor de uma pilastra no centro do salão do prédio desenhado por Oscar Niemeyer está uma estante com cerca de 40 vinhos. Com seleção do bartender Felipe Rara, os rótulos são de safras de a partir de 2018 e mudam constantemente. Eles podem ser degustados em garrafa, taça —são três opções a cada dia, a partir de R$ 37— ou levados para casa. Do menu, a dica é a porção de manjubinha, que custa R$ 35.
Copan - Av. Ipiranga, 200, térreo, região central. Instagram @paloma___sp


Pingue
Nem restaurante, nem bar. A chef Dadis Vilas Boas recebe os convivas na sala e no jardim da própria casa, como se recebesse amigos. O menu dos almoços e jantares, que acontecem às sextas e aos sábados, inclui cinco a seis opções de pratos para compartilhar, preparados de acordo com os ingredientes da estação e que dão protagonismo aos vegetais. Os preços variam entre R$ 29 e R$ 36. As refeições são regadas por vinhos selecionados por ela e a irmã, Andrea Vilas Boas Bourgogne, que priorizam rótulos brasileiros, seguidos por argentinos e chilenos. É imprescindível fazer reserva.
Reservas pelo Instagram @pingue.aqui


Primitivo
O casal de comerciantes Rita Brandão e Eduardo Borges se mudou do Rio Grande do Sul para abrir, em Pinheiros, uma loja própria só de vinhos naturais. Na carta de aproximadamente 300 rótulos, há garrafas de origens como França, Eslovênia e República Checa. Mas o destaque mesmo são os vinhos brasileiros, entre eles, os da vinícola gaúcha Atelier Tormentas, pioneira na produção de vinho natural no país. Misto de empório e comércio, dá para comprar as garrafas ou beber por lá, acompanhado de menu de comes. Do Sul, a dupla também trouxe uma seleção de 40 queijos artesanais da loja que comandavam em Porto Alegre. Para harmonizar, a dica é pedir a tábua de queijos, que inclui diferentes opções, mais itens de charcutaria e pães, por R$ 61.
R. Ferreira de Araújo, 435, Pinheiros, região oeste, tel. (11) 93289-7348 (também WhatsApp). Delivery via telefone e Instagram @primitivosaopaulo


Vinícola Campestre
A produtora do Rio Grande do Sul inaugurou, neste ano, a primeira loja fora da região Sul, no bairro de Pinheiros. São cerca de 50 rótulos próprios, com variedades de tintos, brancos e espumantes, entre eles, da premiada linha Zanotto. No espaço, é possível provar os rótulos em taça ou garrafa, petiscando comidinhas como brusquetas e focaccia, além de cinco opções de tábuas de queijos e embutidos, companhia costumeira dos vinhos.
Av. Pedroso de Morais, 1.047, Pinheiros, região oeste, tel. (11) 93947- 3933 (WhatsApp)


Xenê Wine Bar
Inspirado nos bares que visitou em Londres, o comerciante Leonardo Cinquini abriu, no fim de 2020, o próprio bar de vinhos. Em um sobradinho em Pinheiros, tem clima despretensioso e serviço informal, para se comer e beber entre amigos. O cardápio serve apenas vinho, água e tábuas de queijos e embutidos artesanais, com preços mais em conta. As garrafas partem de R$ 50 e as taças, de R$ 9. Dos cerca de cem rótulos ofertados, a maioria é italiano, mas também há opções brasileiras e da América do Sul.
R. Simão Álvares, 784, Pinheiros, região oeste. Instagram @xene_vinhos

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