André Mifano inaugura restaurante em SP um ano após o fim do Lilu, fechado para dar lugar a prédio

'Não encerraria se não fôssemos despejados', diz o chef, que abre o novo Donna em outubro

Marjorie Zoppei
São Paulo

Ao todo, 365 dias vão separar o encerramento do restaurante Lilu, em São Paulo, e o lançamento do novo italiano Donna, que vai abrir as portas nos Jardins. Quem faz a previsão é André Mifano.

Eleito chef do ano em 2017 pelo O Melhor de sãopaulo, da Folha, Mifano precisou fechar as portas do seu último empreendimento em outubro do ano passado, depois que o dono do imóvel onde estava instalado, em Pinheiros, decidiu não renovar o contrato de aluguel e vender o espaço para uma construtora, que vai levantar um prédio no local.

“O Lilu não fecharia as portas se não fôssemos despejados. Apesar do cenário da pandemia, estávamos com um bom caixa. Liguei para o proprietário para renovar o contrato de aluguel, quando fui avisado que teria que sair”, diz o chef, que também apresenta o programa de Anthony Bourdain, na CNN Brasil.

O último expediente do restaurante aconteceu no dia 31 de outubro de 2020. Desde então, grande parte da equipe seguiu com o chef para a criação de uma nova casa. Já em fase de conclusão, o novo restaurante Donna era um antigo sonho de Mifano —voltar à cozinha italiana, a mesma que o projetou quando comandava o Vito, de onde saiu em 2015.

Mas não será a mesma comida italiana que ele já serviu. Para essa nova etapa, Mifano definiu a cozinha como ítalo-paulistana. “Quero ter a licença de criar receitas sem me apegar às tradições”, conta. “São Paulo é uma cidade com muitos sotaques e influências nas receitas. Quero poder colocar isso nos meus pratos”, continua Mifano, que promete um cardápio afinado, mas não caro, com menu degustação no jantar e almoço mais acessível. A casa deve ser inaugurada no fim de outubro.

Os detalhes finais ainda estão sendo ajustados, mas os clientes já podem esperar por 90% das massas frescas feitas na própria cozinha, como o ravióli de lagosta, a polenta com rabada e trufa e alguns clássicos do chef que serão resgatados, caso da barriga de porco, dos embutidos artesanais e do ragu bolonhesa original, feito sem molho de tomate.

Quem vai comandar o bar é o bartender Vini Lopes, que também trabalhou no Lilu, assim como Diogo Vila Nova, que assume as funções de sommelier e gerente do salão.

Essa é a primeira vez que Mifano vai deixar os arredores da Vila Madalena para aterrissar nos Jardins, mais especificamente na rua Peixoto Gomide. “Com o medo de passar o que passei novamente, eu e meus sócios logo descartamos o bairro de Pinheiros. Itaim Bibi e Vila Nova Conceição, além de aluguéis exorbitantes, têm muito trânsito, muita gente, muitas opções. Vir para os Jardins foi natural.”

O investimento para levatar o Donna estava estipulado em R$ 500 mil. “O cálculo era gastar grande parte na infraestrutura, já que estamos reciclando quase todos os equipamentos. Mas já ultrapassamos o teto”, afirma Mifano.

O projeto do local foi desenvolvido pela arquiteta Cláudia Abreu, que também assina o espaço do novo restaurante Naia, na mesma região. “O ponto de partida do projeto arquitetônico foi o mesmo da cozinha —revisitar a tradicionalidade da cozinha italiana”, adianta Cláudia.

O Donna terá capacidade para somente 22 pessoas. Uma das salas de jantar, por exemplo, irá remeter a uma típica casa da Toscana do século 19. Nela, a ideia do chef é reunir grupos de até dez pessoas para oferecer experiências mais intimistas.

Donna

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