Conheça o Rabo di Galo, bar de luxo em SP onde o bolovo custa R$ 135 e as filas duram horas

Especializada em drinques, casa foi aberta dentro do hotel Rosewood, próximo à avenida Paulista

Ambiente do Rabo di Galo, bar do hotel Rosewood, na Cidade Matarazzo, em São Paulo

Ambiente do Rabo di Galo, bar do hotel Rosewood, na Cidade Matarazzo, em São Paulo Ruy Teixeira/Divulgação

São Paulo

A inauguração do hotel Rosewood, em São Paulo, não trouxe à cidade apenas uma marca de luxo e acomodações avaliadas como seis estrelas, com diárias que partem dos R$ 2.800. Ela representou também a abertura de um novo bar, tão chique quanto o empreendimento e dedicado à alta coquetelaria: o Rabo di Galo. Apesar dos sorrisos e da atenção dispensados pela equipe da casa, beber por ali não é para qualquer bico.

O bar está no hotel instalado no complexo Cidade Matarazzo, a uma quadra da avenida Paulista, e a visita é um evento. Com direção artística do francês Philippe Starck, o Rosewood tem uma coleção de 450 obras assinadas por artistas brasileiros —parte delas pode ser vista pelo público que for a um dos espaços gastronômicos ou à centenária capela de Santa Luzia.

Detalhe do bar do Rabo di Galo, no hotel Rosewood, em São Paulo
Detalhe do bar do Rabo di Galo, no hotel Rosewood, em São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

Dos seis restaurantes do hotel, cinco já estão em funcionamento –o Le Jardin, o Blaise, o Taráz e o Rabo di Galo recebem visitantes, enquanto o Bela Vista Rooftop está disponível apenas para hóspedes. Destes, somente o Rabo di Galo não aceita reservas.

Para quem quiser evitar o perrengue de ficar horas na fila, especialmente aos finais de semana, o jeito é chegar cedo. O espaço abre às 18h, e suas poltronas de couro acomodam apenas 35 pessoas.

"Chegamos às 17h30 e já tinha fila de espera", relata a diretora criativa Claudia Toledo, que tentou visitar o local no dia 29 de janeiro. Como não havia previsão do tempo de espera e não era possível pedir um aperitivo ou uma água enquanto aguardava, ela e seus acompanhantes desistiram de entrar no bar. "Ainda tivemos que pagar R$ 60 de estacionamento. Só recebemos uma ligação às 20h para dizer que a mesa estava liberada."

Em nota, o hotel reforçou que o bar Rabo di Galo trabalha com uma lista de espera que funciona por ordem de chegada e que a procura pelo espaço vem sendo alta. "Os restaurantes e bar do Rosewood São Paulo estão operando com um alta demanda de clientes, em especial aos finais de semana", afirmou.

Enquanto aguarda, o visitante pode folhear os livros da biblioteca, circular pelo lobby do hotel e observar as obras de arte e peças assinadas por designers. "O banheiro é lindíssimo", diz uma funcionária, como quem dá uma dica de passeio. Com cabines revestidas por mármore de diferentes cores, o ambiente realmente impressiona. Até o lixinho é bonito.

Batizado com o nome do brasileiríssimo rabo de galo —o nosso "cocktail", drinque criado nos botecos paulistanos nos anos 1950–, o bar reflete a proposta do empreendimento de valorizar o que é nacional e apresentá-lo como artigo de luxo.

Escurinho e intimista, o ambiente é inspirado nos clubes de jazz dos anos 1930. Mas seu teto é colorido pelas mãos de Rodrigo de Azevedo Saad, o Cabelo, que pintou ali uma noite mágica, com um quê de primitiva. A programação musical toma conta do espaço de terça a domingo.

Já sentado, o cliente é recepcionado com uma porção de pururuca, uma de azeitonas marinadas e água da casa. Caso prefira água em garrafa, as opções são duas —o recipiente de 700 ml da Matarazzo, que custa R$ 15, ou o de 300 ml da Platina, que sai por R$ 22.

O menu de beliscos lança um raio ultragourmetizador nos tradicionais petiscos de bares. Há receitas como frango à passarinho, que custa R$ 58 com quatro unidades; croquetas de camarão, abóbora e coco, por R$ 74 com quatro unidades; ou o bolinho de arroz, wagyu, ovo de codorna e emulsão de parmesão, por R$ 68 com quatro unidades.

O famoso bolovo também está no cardápio —feita de frango e caviar, a unidade custa R$ 135. As ovas coroam o petisco, cuja massa finíssima se desfaz na degustação, deixando a impressão de ter um ovo cozido em mãos. Há ainda uma versão mais simples do salgado, feita com emulsão trufada, que sai a R$ 52 a unidade.

Coincidentemente, o novo bar de hotel foi inaugurado pouco depois que São Paulo se despediu do Frank, em dezembro —e tem potencial de preencher esse vácuo e se tornar o novo balcão de hotel que atrai quem sai pela noite paulistana em busca de um bom drinque. Inaugurado em 2015 no lobby do Maksoud Plaza, o Frank acumulou prêmios e marcou uma nova fase da categoria na capital. O negócio fechou as portas junto ao hotel.

No Rabo di Galo, Ana Paula Ulrich é a chefe de bar e assina criações como o frutado Wishbone, feito com gim, Lillet, manga, Luxardo Bitter Bianco, Sauternes e Angostura. A bebida custa R$ 65 —que é o valor das receitas mais baratas do cardápio, diga-se. O balcão também expede opções sem álcool, os chamados "mocktails", além de clássicos esquecidos.

A receita mais tradicional do rabo de galo combina cachaça, Cynar e vermute tinto. Por ali, a bebida aparece em duas versões: a primeira, mais frutada, junta vermute tinto e branco, além de goiaba, e sai por R$ 75. Já a segunda é mais encorpada, não tem Cynar, mas tem rum e jerez —esta custa R$ 65.

A título de comparação, num boteco do tipo bar e lanches, como o Estadão, a bebida também é servida com variações. Na lanchonete, a receita mais barata custa R$ 6, com cachaça 51 e vermute Cinzano, e paga-se R$ 14 pela mais cara, com licor de cacau e Domecq.

Mas botecos não têm um jazzinho tocado ao vivo no piano, muito menos um ambiente assinado e gente circulando para ver e ser vista. No Rabo di Galo, paga-se para provar a experiência do popular em versão de luxo.

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