É sempre uma alegria voltar a um clássico de São Paulo e notar que, apesar de atualizações no ambiente, um lustre novo, papéis de parede —e paredes pintadas—, tudo corre à maneira antiga, nos trinques.
Subir as escadas de um prédio comercial no meio do burburinho da rua 25 de Março e alcançar ali o salão do Monte Líbano é uma satisfação. Veja, a casa abriu em 1973, carrega a história da pacífica imigração árabe do final do século 19 e segue aos cuidados da mesma Alice Maatouk dos primórdios, agora ao lado de sua filha Regina.
Do cardápio, concentre-se nos clássicos, que é o que há de melhor —bobagem se aventurar em pratos triviais da paulistânia. O trio de pastas (R$ 35,50) é um desbunde: coalhada seca brilhante, densa, láctea, macia; baba ghanoush com profundo defumado; e um homus que preserva o gosto do grão-de-bico e pode ser enriquecido com bom azeite à mesa.
O rodízio (R$ 64,90) é uma oportunidade de provar grande variedade de sabores, como um suculento espeto de cafta e itens apropriados pelos brasileiros, como quibes e esfirras —que beleza—, em refeição embalada pela típica alma hospitaleira dos árabes, mesa cheia e alegre. Sobre estes ícones, o quibe tem parede fina e recheio úmido confortavelmente acomodado em seu interior, com bom equilíbrio de trigo e carne; a esfirra aberta, com massa delicada, recebe por cima uma carne bem temperada, mas seca. Charutinhos de uva e de repolho, por outro lado, são molhadinhos, bem gostosos.
Falta viço e "punch" ao fatte (R$ 39,50), no qual pedaços de cordeiro (ligeiramente rijos, pena) são embebidos em coalhada (não uniforme) com pedaços de torrada (ficariam mais gostosas se conservadas crocantes, acrescentadas ao prato somente antes de chegar à mesa), mas o pinoli é um acerto e um luxo.
Serviço gentil e impecável, um prazer raro ser recebida desta maneira.
Avaliação: bom
R. Cav. Basílio Jafet, 38, 1º andar, Centro, região central, tel. 3326-3544. 70 lugares. Seg. a sex.: 11h às 15h30. Saiba mais.
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