O Jacarandá abriu em 2012 numa casa ajardinada em Pinheiros, preservada do frenetismo urbano, pelas mãos da mesma dona dos bem-sucedidos Martín Fierro e La Frontera. Tinha, portanto, potencial para decolar, mas minguou.
Hoje, renasce sob comando do restaurateur Milton Freitas (Antonietta, Taka Daru, Mamuang, o antigo Obá), que preferiu conservar a veia sul-americana com a qual nasceu. Resultam preparos geralmente bem executados e vigorosos, que valorizam a grelha.
O avantajado assado de tira, com osso e sabor intenso, chega à mesa na companhia de batatas rústicas (cozidas e fritas) e adocicada cebola na brasa (R$ 88); o denver steak (corte extraído do dianteiro, do miolo do acém), macio e sensualmente rosado, com batata-doce cozida, pincelada com acastanhada manteiga queimada e salada de agrião, que faz bom contraponto (R$ 78).
Parece abafada, porém, a criatividade de Danilo Gozetto, chef que outrora praticou uma cozinha despretensiosa, com traços caipiras, no extinto Solo, cuja proposta soava mais conectada ao presente —pratos familiares e robustos, preços contidos.
No Jacarandá, uma entrada pode chegar a R$ 88 e um prato principal a R$ 118, e os preparos não estão à altura.
Excesso de sal, por exemplo, massacrou duas excelentes receitas —o espaguete em tinta de lula com frutos do mar (R$ 82) e o arroz de camarão e porco, com cogumelos e parmesão (R$ 88).
Este clássico mantido no cardápio pressupunha camarões tenros e não ultracozidos, como foram servidos.
Surgem deslocadas novidades como o ceviche de peixe branco, que garçons não sabem informar qual é, a conjugar potência e frescor (R$ 46), mas é um belo acerto a salada de abóbora assada, com rúcula, queijo de cabra e amêndoas caramelizadas (R$ 40).
Das sobremesas, fruta do dia custa R$ 14 e invenções como o vulcão de doce de leite com sorvete de canela alcançam os R$ 34. Puxado.
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