A cozinha sertaneja reflete o ambiente árido onde surgiu. É substanciosa, bruta, rústica. Neste momento áspero, escolher o delivery do Jesuíno Brilhante —referência ao histórico cangaceiro nordestino do século 19— teve o propósito de celebrar essa comida de resistência.
De portas fechadas por causa da pandemia do coronavírus, o restaurante familiar e caseiro lançou o serviço de entrega da noite para o dia —literalmente, como ocorreu com centenas de endereços.
Embora essa operação emergencial tenha se tornado comum no setor, radicalmente atingido, há uma particularidade no Jesuíno. Suas receitas, já na origem, costumam viajar bem.
São preparos como a carne de sol, a farofa, a rapadura, historicamente transportados por retirantes em longas jornadas, sob o calor escaldante, no lombo dos cavalos em bornais, aquelas sacolas de pano ou couro. Duráveis, têm a vantagem de suportar o deslocamento sem estragar.
No contexto urbano, pois, a comida é entregue em perfeito estado e antes do tempo previsto. Falta deixar
claro que a entrega não inclui talheres e guardanapos.
À semelhança de como são consumidas na roça, as guarnições vêm misturadas à carne num só recipiente.
Pode haver paçoca de carne de sol (R$ 35), frita na manteiga de garrafa com farinha de mandioca; carne de sol desfiada e cozida na nata fresca (R$ 41) e porco de sol na chapa, conservado surpreendentemente macio (R$ 39).
São boas escoltas a macaxeira cozida; a farofa de cuscuz de milho flocado com tomate e coentro, bem temperadinha; a farofa de bolão, cujo nome faz referência ao aspecto que a farinha de mandioca fina ganha ao ser misturada com água e manteiga de garrafa, e o feijão-de-corda, sem caldo.
Dois avisos: haverá uma força-tarefa para atender encomendas de congelados; no site, estão à venda vales-refeição que podem ser resgatados depois de junho.Vamos em frente —e juntos.
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