Descrição de chapéu Análise alimentação São Paulo
Restaurantes

Novos métodos de café coado invadem SP com roupagem moderna e gourmetização

Água filtrada e café de qualidade já são mais do que meio caminho andado para um bom coado

São Paulo

A alemã Melitta Bentz tinha 35 anos quando resolveu usar uma folha de papel para passar um cafezinho. Era 1908, e nascia ali o primeiro filtro de café de papel do mundo.

Ao longo de um século, o coado reinou absoluto nos lares do Brasil –seja com o filtro da dona Melitta, seja com o brasileiríssimo coador de pano.

A imagem mostra um processo de preparo de café, onde um bule de metal está vertendo água quente sobre um filtro de café preto. A água quente gera vapor, que é visível na imagem. Abaixo do filtro, há um recipiente transparente contendo café coado. O fundo da imagem apresenta um ambiente de café, com mesas e cadeiras desfocadas.
Método de Café Hario, V60 - Karime Xavier/Folhapress

Mas, quando o brasileiro começou a descobrir as cafeterias, a coisa mudou. Fora do lar, nos estabelecimentos especializados, o expresso era rei. Ir a uma cafeteria era sinônimo de tomar expresso ou suas variações, como ristretto, cappuccino etc. Coado era café para se tomar em casa.

Era. Recentemente, o preparo tradicional ganhou roupagem moderninha e começou a assumir o protagonismo nas cafeterias. A descoberta de torras mais claras e ácidas levou o consumidor a optar por preparos por filtragem, que deixam a bebida mais suave.

Com essa mudança de comportamento, a Hario, marca japonesa que produz vários utensílios de café, passou a reinar absoluta com seu coador V60, presente em todas as cafeterias mais descoladas de então.

O método se popularizou e ganhou as residências do público gourmet, que passou a torcer o nariz para o velho Melitta (coador de pano, então, é motivo de chacota para os mais esnobes).

Mas os ávidos por novidades e experiências cada vez mais diferenciadas não se deram por satisfeitos. E não demorou para que até o V60 virasse "comum" demais para os entusiastas de café.

Com isso, inúmeros métodos de filtragem começaram a invadir as cafeterias e casas dos autointitulados coffee lovers. Muitos dos métodos guardam diferenças mínimas entre si. Pode-se escolher entre formato cônico ou com fundo achatado; laterais com ranhuras ou sulcos mais profundos; um, dois ou até três furos para escoar o líquido; e até um sifão para supostamente manter uma pressão contínua sobre o pó.

Tudo isso para garantir a mesma coisa: um contato perfeito entre pó e água. Isto porque o resultado final de um café depende de muitas variáveis. Mas, considerando que os ingredientes sejam os mesmos (mesma água, mesmo pó e mesma moagem do grão), o que vai diferenciar um preparo do outro é basicamente o contato da água com o pó.

Por isso, os fabricantes apostam em designs que consigam fazer com que a água tenha um bom fluxo pelo coador e que ela molhe o pó uniformemente.

Essa miríade de tipos de coador tem, de um lado, a vantagem de propiciar aos amantes da bebida uma série de possibilidades, que podem (ou não) produzir resultados diferentes com os mesmos ingredientes. Por outro lado, dá um verniz de gourmetização exagerada a um produto tão popular como o café coado.

A verdade é que embora haja, sim, diferenças de resultados a depender do preparo, os elementos mais importantes ainda são os ingredientes. Água filtrada e bom café já são mais do que meio caminho andado. Com isso em mãos, seja qual for o método de filtragem, você provavelmente terá um bom coado.

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais