A comida do sertão nordestino tem uma aridez que mimetiza a geografia da região, como se constata no restaurante Jesuíno Brilhante, de cozinha sertaneja do Rio Grande do Norte.
A carne de sol não é suculenta, o feijão-de-corda é contido pela farinha e não tem molho, o queijo de coalho é firme, não derrete, arroz e farofa não chegam a se umedecer pela presença de um vinagrete –que é mais salada de tomates do que molho.
No entanto, é uma comida saborosa. Seu sotaque potiguar não se fazia presente até então em São Paulo (as cozinhas de Pernambuco e da Bahia são mais recorrentes por aqui).
O cangaceiro Jesuíno Brilhante inspira a decoração da casa simples de Pinheiros. A louça rústica, de alumínio, dá um ar de graça. A variedade de pimentas aguça a salivação.
Sabores mais acentuados seriam bem-vindos. Uma vez que a estrela da casa (a carne de sol preparada pelo pai do proprietário, ambos potiguares) é muito boa, delicada e sem o excesso de sal que é tão comum no prato, talvez o próprio sal (mais um tiquinho de coentro e de manteiga de garrafa) pudesse temperar melhor as demais opções.
Não obstante, elas agradam. A carne de sol –também presente nos petiscos, como os bolinhos de macaxeira ou de feijão-de-corda–, como prato principal pode ser a tradicional, bovina, ou então de porco, de cupim (uma ousadia exagerada, difícil de morder) ou de bife ancho.
Como acompanhamento, há macia mandioca cozida, mais cuscuz de milho leve, farofa fininha, feijão-de-corda com manteiga de garrafa, coentro, cebola e farinha. Ou cremoso pirão de queijo, arroz com leite e nata, e queijo de coalho.
Para quebrar a aridez, há o guisado do dia (de língua, de carne, com maxixe e quiabo), de molho espesso. Depois, gostosos doces regionais (de caju e goiaba) e a burra preta: um pão de melado de cana embebido em café com nata fresca, bem molhadinho.
Avaliação: bom
R. Arruda Alvim, 180, Pinheiros, tel. 2649-3612. 32 lugares. Seg. a sex.: 12h às 15h. Sáb.: 12h às 16h.
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