Não há sombra do restaurante Vito, morada anterior do chef André Mifano, em sua nova casa, o Lilu. O ambiente de bistrô virou um estreito galpão mais nova-iorquino, escorrendo ao longo da cozinha.
E o menu italiano evaporou: sequer há opções de massas no cardápio autoral e sem muitas referências étnicas, embora recolhendo bons ingredientes brasileiros (castanhas, queijos e presuntos locais, mel de abelhas nativas, mandioca, erva-mate).
O cardápio propõe poucas opções, que podem ser entrada ou prato principal (ao gosto do freguês) e compartilhadas na mesa. Mas nem precisa ser assim. Os pratos são pequenos: quem não quiser dividir pode ficar com dois ou três itens para si.
A exceção é o arroz de domingo (servido em qualquer dia): ele vem impregnado com rabada, linguiça portuguesa, couve e dois ovos que cozinham no calor armazenado na panela de ferro.
Vale pedir o peixe do dia delicadamente servido com cogumelo, coalhada e cebolinha numa fatia de bagel da Z Deli. Bem melhor que o tartare de wagyu, cortado grosso, mas incapaz de incorporar os discretos temperos (mostarda e picles picadinhos).
Não fez sucesso e já foi retirado do menu (mas menciono como campanha para que volte um dia) um dos pontos altos da cozinha: um aveludado creme de mandioca e manteiga sob penetrante caldo de galinha, com cogumelos, um maço de agrião e uma ponta de acidez.
Sobreviveram às mudanças de menu o parati grelhado (somente quatro peixinhos por noite, chegue cedo) –no dia em que provei, era acompanhado de farofa úmida de cebola, bacon e ovos, mais banana grelhada– e o rosado peito de pato tingido de especiarias, servido com feijão branco, bottarga e pimenta fresca.
As sobremesas, do fera Rafael Protti, incluem o bolo de lata de limão e erva-mate, que dissolve na boca enquanto arrepia o paladar.
Avaliação: muito bom
R. Francisco Leitão, 269, Pinheiros, região oeste, tel. 99746-0269. 46 lugares. Ter. a sáb.: 19h às 23h30.
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