Após três anos de sucesso em Florianópolis o Noma Sushi chega a São Paulo, na região dos Jardins, com vocação de balada. Restaurante no qual você vislumbra o ambiente chique, mas tem que passar por um balcão para se identificar e colocar uma pulseira antes de sentar.
Enquanto patricinhas pedem drinques sem açúcar numa mesa e, na outra, um casalzinho pós-adolescente se refestela num petit gâteau com 12% de proteína whey, você tenta se compenetrar de que está em um restaurante japonês.
Logo suas narinas vão revelar a identidade do lugar, que sofre da doença infantil dos japoneses chiques: o ar denuncia muito azeite trufado, muito maçarico e muito foie gras acobertando os peixes.
Se estiver sozinho, desista de tentar o omakassê (sequência de iguarias decididas e enviadas aos poucos pelo chef) —ele é gigante (para uma pessoa) e caro (42 itens, R$ 390). Mas também é estranho: não vai sendo entregue, na temperatura exata, à medida em que o sushiman elabora cada porção; vem tudo ao mesmo tempo, como aquelas barcas de sushis populares (e numa apresentação pirotécnica, uma travessa luminosa).
Fiel ao poder aquisitivo presumível do público, o cardápio oferece caviar e champanhe. E alguns itens que pecam pela mistura: o futomaki de siri mole (recheado com tempura do siri da lagoa de Florianópolis, mais ovas de massago e calda quente de lichia, R$ 39); e o sashimi Tuna Style (atum cru, burrata derretida, pesto de ervas, crisp de tempura, R$ 53).
A noite avança, a música se eleva, mas antes da balada dá para provar o tartar de atum com molho de foie gras e chips de batata- doce (R$ 86); e um temaki bem-feito, com a alga estalando e recheio de atum, pimenta tailandesa, abacate —pode pedir para tirar— e cebolinha (R$ 36). Com bons produtos, e se você tiver paciência para o maçarico e a manteiga trufada, também há sushi de vieira e o de carne wagyu (com ovo de codorna).
Em que pesem os esforços do jovem chef Rafael Portes, 29 —o mesmo da matriz—, aqui a comida está mais para acessório.
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