Uma breve experiência no Lido, novo italiano em Pinheiros, revela algumas contradições. Ele se propõe despretensioso, mas o cappelletti in brodo, que surge circunstancialmente no cardápio, é oferecido enfaticamente pelo garçom como “o melhor do mundo”.
Ao mesmo tempo em que serve água da casa como cortesia e drinques a preços abaixo do mercado —a depender da noite, spritz, gim-tônica e negroni saem por R$ 20—, não deixa alternativa ao cliente que quer água com gás: é só uma, importada, e custa R$ 15 (505 ml).
Ainda que o ambiente seja pequetitinho e sugira acolhimento, música italiana toca alta e atendimento é excessivamente interativo.
Eis a cena. O cardápio expressa a inspiração que o italiano Roberto Rebaudengo, 46, chef autodidata e sócio da casa, buscou na região da Ligúria, de onde veio há quase dez anos. Referências do mar dividem espaço com massas e preparos no forno.
A farinata, cuja base combina água e farinha de grão-de-bico, vai ao forno com azeite. Remete a uma panquequinha achatada que ganha mais graça e sabor quando coberta com gorgonzola derretido da mineira Serra das Antas (R$ 28).
Aliás, é mérito a escolha dos fornecedores de laticínios —são queijarias brasileiras com produtos premiados. Vem da fazenda Atalaia, no interior de São Paulo, as lascas de queijo que enriquecem o talharim fresco, de textura delicada, com cogumelo seco porcini (R$ 48).
Mais bruta é a massa triangulada com aparência de crepe submetida a duas cocções; primeiro, em um testo italiano, como uma chapa, depois, aquecida em água fervente. É servida ao pesto denso de manjerona, erva associada à aromática cozinha da Ligúria, e pinolis (R$ 46).
Ao final, oferecem focaccias para raspar o prato. Mas, no lugar de uma massa com azeite espessa e macia, um pão mais achatado e seco.
Saiu-se bem o pargo, em si. O peixe pode ser servido inteiro e é cobrado por peso (R$ 120, o quilo). Sai do forno com carne branca, úmida e de sabor delicado, na companhia de pinoli, tomatinhos adocicados e batatas em rodelas finas e molengas.
Para acabar, tiramisù muito doce (R$ 24) e café pelando, extraído na cafeteira italiana.
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