Descrição de chapéu Crítica
Restaurantes

Diò foge da tradição italiana ao entregar sabores abrasileirados e medianos

Com nome que remete a Deus, cantina tem cozinha que parece bem longe do paraíso

Diò Arte in Cucina

À primeira vista, o restaurante Diò Arte in Cucina é o tipo de lugar conveniente para ter pelas redondezas. A quem mora na Vila Mariana, oferece uma cozinha italiana com massas de confecção própria e apelo familiar, carnes de receitas populares, e um ambiente simples que lembra a casa do vizinho. Lugar que dá vontade de ir a pé.

Está bem longe, porém, do que anuncia. O nome Diò remete a Deus, mas sua cozinha parece bem longe do paraíso. Os chefs são italianos de Bologna, e prometem embutidos artesanais (uma glória da região de onde vieram), mas não é o que vem no prato. E suas receitas, mais do que uma afirmação da cozinha de seu país, são uma aproximação de gostos abrasileirados e medianos.

Verdade que às vezes procuram alçar-se aos píncaros de sua cultura gastronômica —mas os bomboloni (massa no formato de bombom, e não os doces italianos que levam este nome) recheados de mascarpone com trufas negras (também presentes no molho) estão longe de ter estes verdadeiros diamantes negros e o queijo (mesmo porque custam R$ 65).

No Diò, pasta fresca artesanal recheada de queijo brie e pera é servida na manteiga trufada e lâminas de amêndoas torradas
No Diò, pasta fresca artesanal recheada de queijo brie e pera é servida na manteiga trufada e lâminas de amêndoas torradas - Tadeu Brunelli/Divulgação

A ponte entre a tradição da Itália e sua adaptação ao Brasil está presente em muitos pratos. No filé à parmigiana (que não existe lá) com arroz e batatas (R$ 58); nos spaghetti à carbonara, com bacon (e não guanciale ou pancetta), parmesão (sem pecorino), gema (com creme?) e pimenta-do-reino (R$ 58); nos spaghetti “puxados no parmesão”, que no lugar de cremosos, estão aguados e batizados de creme, acompanhados de filé (R$ 65).

Os linguine com frutos do mar (R$ 76) parecem mais com os da matriz, mas falta o sabor de mar e de vinho ao molho. 

Há como lembrar da Itália aqui e ali: num risoto com linguiça toscana, vinho sangiovese e crisp de camarão (R$ 49); ou num ossobuco aromático e cheio de tutano servido com risoto à milanesa (R$ 68) ou polenta cremosa (R$ 58).

Ao tiramisu (R$ 29), sobra creme e falta biscoito; é mais interessante o pudim de pistache (R$ 26). O serviço é sorridente, mas lento e desconexo (parece ter pouco pessoal), o que dificulta sair com boas lembranças.

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