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Antigo Mirante 9 de Julho, Mira lança vaquinha após assalto e pandemia

Meta é arrecadar R$ 91 mil para pagar reforma elétrica e manter o espaço aberto em SP

São Paulo

Misto de espaço cultural, café e restaurante, o Mira —antes conhecido como Mirante 9 de Julho— é mais uma casa paulistana que recorre às vaquinhas virtuais para se manter em funcionamento durante a pandemia.

O espaço, que fica sobre a avenida Nove de Julho e aos fundos do Masp, ficou fechado por oito meses no ano passado e reabriu apenas o restaurante em outubro, mas sem a programação de eventos, shows, discotecagens e exposições de arte.

No dia 6 de março, porém, a capital paulista retornou à fase vermelha do plano de quarentena estadual, o que fez com que o restaurante, que também se chama Mira, voltasse a fechar as portas. Quando estavam se preparando para lançar o delivery para tentar equilibrar as atividades, os administradores da casa sofreram um assalto.

O roubo ocorreu na tarde do dia 27 de março, quando o zelador que cuida do espaço saiu para ir ao banco, diz Dulce Santos, atual administradora do Mira. Ladrões levaram toda a instalação elétrica, incluindo cabos de energia e quadro de força, além de caixas de som e equipamentos de cozinha.

A casa já encarava dificuldades financeiras. No período em que o Mira se manteve de portas fechadas, Santos afirma que acumulou dívidas com fornecedores e teve de fazer empréstimos para conseguir pagar o salário dos funcionários. A equipe, que antes da pandemia contava com 25 pessoas, foi reduzida para quatro.

“O custo fixo de manutenção do espaço é muito alto. E, por estar numa região ao redor do Masp, tudo por lá custa caro.”

Como alternativa para conseguir se manter em funcionamento por causa da pandemia e após o roubo, a casa lançou uma vaquinha virtual. A meta é arrecadar R$ 91 mil para quitar acordos de empréstimos, salários dos funcionários e, principalmente, pagar uma reforma elétrica, orçada em R$ 41 mil.

“Depois de um ano sem poder trabalhar, a gente não tem mais reserva. Nossa prioridade agora é ligar a luz, pois estamos sem cerca elétrica, alarme ou câmeras de segurança", diz a proprietária. A administradora abriu um boletim de ocorrência e entrou em contato com a Subprefeitura da Sé, dona do imóvel que abriga o mirante, para tentar algum auxílio financeiro, mas afirma que ainda não obteve retorno.

Concedido pela prefeitura a empresários para revitalização, o mirante construído na década de 1910 foi aberto ao público em 2015. De lá pra cá, foi administrado por três gestões diferentes, que não precisam pagar aluguel, mas arcam com as despesas de manutenção. Desde agosto de 2019, mudou de comando e de nome, passando a ser chamado Mira.

Para contribuir com a vaquinha, é possível doar qualquer valor via Pix, pela chave 22.064.799/0001-12, ou pelo serviço de arrecadação Abaca$hi, no link abacashi.com/p/levanta-mira.

Mas, por ora, não há contrapartidas para quem contribui. “É tudo muito incerto, preferi não colocar ainda algum tipo de recompensa. Vamos fazer lives e sorteios, algumas marcas e artistas estão oferecendo produtos”, diz Santos. “A maior recompensa é a gente ter esse espaço gratuito de volta.”

O delivery do restaurante, que seria inaugurado no fim de março, deve ser lançado nos próximos dias, sob o nome Mira na Sua Casa. A operação foi realocada de forma temporária para uma cozinha na zona norte, e as refeições serão entregues pela própria administradora e o marido na região central da cidade.​

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