Conheça três novos lugares para jantar e tomar drinques olhando São Paulo do alto

Cora se une a outros dois locais que funcionam nas alturas, o Andar43 e o Vista

Vista de janela dá para o Terraço Itália — Ambiente do restaurante Cora, no topo de restaurante na região central de São Paulo Divulgação

10/09/2021

16h32

Marina Consiglio

São Paulo

Se em São Paulo o mar é de gente e a selva é de pedra, resta ao paulistano contemplar o horizonte de prédios que compõem a flora urbana da capital. Alguns endereços novos na cidade ajudam nessa missão.

Apesar do burburinho, só faz dois meses —pandêmicos, ainda— que o Cora foi aberto. Sob o comando do chef Pablo Inca, ex-Mangiare, e de Rafael Capobianco, do bar Caracol, o restaurante tem um outro atrativo, além da boa cozinha com enfoque em ingredientes da época: o ambiente. O negócio está coladinho ao Minhocão e tem vista do topo do prédio em que está instalado.

O restaurante ocupa o último andar do número 344 da rua Amaral Gurgel, com mesas em um terraço. O edifício, que permaneceu abandonado por mais de 20 anos, começou a ganhar vida nova em novembro do ano passado, com a abertura da pizzaria Divina Increnca. Apesar de ser chamado oficialmente de FSMJ, o prédio é mais conhecido hoje como a casa da livraria Gato Sem Rabo, da galeria HOA, do Divina Increnca e, é claro, do Cora.

Capobianco, que também é cozinheiro e atua como restaurateur no Cora, explica que eles tinham a ideia de inaugurar uma espécie de "oásis em meio ao caos de São Paulo" quando começaram a desenhar o projeto. "Sorte que a gente construiu em um espaço aberto em que o Minhocão pudesse ser visto", diz.

Ele admite que teve medo de que a localização pudesse afastar parte da clientela, mas não foi o caso. O público gostou de provar os bolinhos de milho com queijo de ovelha e melado de cana (R$ 28) ou o peixe com favas, caldo e cavolo nero (R$ 60) enquanto toma drinques coloridos e observa o vaivém –de carros ou de gente– do elevado Presidente João Goulart.

Tanto que as reservas geralmente estão esgotadas e há fila para entrar no local. "Fiquei feliz que as pessoas entenderam a proposta", comenta. O restaurante amplia o horário de atendimento a partir do dia 21, quando começa a abrir para o almoço durante a semana.

Ainda no centrão, também é possível fazer uma refeição com vista para o concreto paulistano no Andar43, um antigo escritório que recebe intervenções artísticas no edifício Mirante do Vale e que também pode ser alugado para hospedagens.

Projeto do artista francês Charly Andral, o espaço ocupa o 43º andar daquele que até pouco tempo atrás era o prédio mais alto da cidade. "E tenho orgulho de dizer que estamos um andar acima do Sampa Sky", ri, ao falar do vizinho, o mirante com chão de vidro inaugurado há um mês e que costuma estar lotado.

No momento, o imóvel recebe a instalação artística "A Selva que nos Escapa", que promete "trazer de volta um pedaço da mata atlântica ao vale do Anhangabaú". Há uma programação complementar com oficinas de jardinagem e até jantares temáticos.

A agenda gastronômica traz o chef Luiz Campiglia, que comanda o Paribar, também no centro. Nos eventos, ele apresenta um menu degustação inspirado na história da culinária paulista, com produtos da mata atlântica. São ingredientes como pitanga, jatobá e araçá com peixes de rio em receitas como o palmito inteiro assado com paçoca de carne seca e calda de pitanga.

Pagam-se R$ 120 pelo menu, que tem quatro etapas. Os eventos ocorrem às terças —agora, só há vagas para 28 de setembro e 5 de outubro—, com ingressos à venda no Sympla.

Outro novo espaço para ver a cidade de cima está naquele que já está estabelecido como um dos rooftops mais badalados da capital, o Vista. No topo do prédio do MAC-USP, o Museu de Arte Contemporânea, e em frente ao parque Ibirapuera, a casa estreou um bar no fim de agosto, o Vista Balcão.

O novo pedaço traz menu de comidinhas assinado pelo chef Marcelo Corrêa Bastos, o mesmo do restaurante, e carta do mixologista Jairo Gama, em espaço amplo e aberto.

Por ali, uma dica é visitar algumas das exposições do MAC —o museu tem entrada gratuita e acaba de inaugurar uma retrospectiva de Regina Silveira, parte da programação da 34ª Bienal de São paulo— e encerrar o passeio com petiscos e drinques. São opções como o canapé de linguiça blumenau (R$ 31) e o sanduíche de salpicão de cauda de lagosta (R$ 29), além de coquetéis como o Champ’s, feito com quetzalli (blend de tequila e maracujá), espumante, água de côco e espuma de gengibre (R$ 39).