Conheça a Il Sordo, sorveteria em SP comandada apenas por funcionários surdos

Novidade em Pinheiros é filial de gelateria artesanal fundada em Aracaju

São Paulo

"Não falamos, mas nos entendemos". Uma placa com esses dizeres na entrada da Il Sordo resume bem a sorveteria, aberta no mês passado em Pinheiros. Por lá, todos os funcionários, dos que produzem os gelatos aos que recebem o público, são surdos.

Vídeos exibidos numa televisão e cartazes ensinam os clientes a fazerem o pedido usando Libras, a língua de sinais, como informar o tamanho do sorvete e a forma de pagamento. Também é possível apontar para as opções desejadas e um tablet fica à disposição para escrever e auxiliar na comunicação.

Sorvetes da Il Sordo, sorveteria em Pinheiros
Sorvetes da Il Sordo, sorveteria em Pinheiros - Gabriela Garcia/Divulgação

"Chamo isso de acessibilidade reversa. Não são eles que têm que se adaptar, são os clientes", diz André Vasco, um dos sócios. "É legal ver as pessoas tentando falar em Libras. É uma imersão num universo que muitas vezes a pessoa não teve contato."

Vasco, que é apresentador e já foi VJ da MTV, descobriu em 2015 uma perda auditiva. Durante uma viagem a Aracaju (SE), ele conheceu a sorveteria fundada por Breno Oliveira, surdo desde que nasceu. Decidiu trazer a Il Sordo à capital paulista, junto a um terceiro sócio, Felipe Paladino. O negócio, criado há oito anos, conta com filial em Salvador (BA).

Para abrir a nova unidade, os funcionários contratados –muitos deles no primeiro emprego– receberam treinamentos que iam desde a produção das massas até a espatulação.

Os sorvetes são produzidos numa cozinha envidraçada e oferecidos em sabores à base de água, de frutas como amora e graviola, e feitos com leite, caso do fior di latte e do que leva o nome da casa, de chocolate. Eles vão na casquinha ou copinho, do tamanho mini (R$ 16,90) ao grande (R$ 34,90).

O cardápio também lista steccos, um semifreddo (sobremesa gelada) no palito (R$ 15,90), brownies (R$ 24,90) e tortas (R$ 16,90). Para beber, há cafés em parceria com a Café por Elas, empresa gerida apenas por mulheres.

Enquanto se prova o gelato, o silêncio que impera dentro do local faz um contraste com o agito do Baixo Pinheiros, com música alta, barulho de trânsito e de pessoas conversando em volume exagerado, sobretudo à noite.

Il Sordo

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