Há dois desafios no caminho de um cliente que queira seguir a recomendação do guia Melhor de São Paulo desta Folha e ir ao premiado entre os italianos da cidade. Primeiro são as longas filas que se formam regularmente na frente do Shihoma, na Vila Madalena. Sem reservar antes, pode ser difícil conseguir uma mesa. O segundo são os preços do cardápio, com pequenas entradas que custam mais de R$ 50 e massas que podem passar de R$ 100.
A boa notícia para quem ficar desanimado com este diagnóstico é que a popularidade da casa levou à inauguração recente de uma versão "de bolso" do restaurante a apenas 350 metros do endereço original. O Shihoma Deli é uma versão mais acessível e despretensiosa dele, que surge como uma alternativa atraente - e em alguns pontos pode até superar a casa original, especialmente para quem valoriza a simplicidade bem executada.
Com um estilo ainda mais despojado do que a casa oficial, a Deli funciona como café, delicatessen, loja de ingredientes e massas frescas e especialmente como restaurante. O cardápio oferecido é uma versão mais enxuta do menu do Shihoma, com menos opções, mudanças frequentes e pratos menos caros (ainda que não cheguem a ser baratos), mas com qualidade semelhante ao que levou ao prêmio dado à casa original.
A qualquer hora do dia é possível tomar cafés, chás e kombuchas e comer sanduíches como o de mortadela (R$ 46) ou a porchetta (R$ 55).
Do meio-dia às 16h30 é servido almoço, e há mais de uma dezena de opções de entradas bem atraentes como seleções de queijos, de salames e de legumes.
A porção de ricota & pistacchio (R$ 19) é a opção mais barata, e vale pelo queijo fresco, cremoso e delicado, para acabar com qualquer preconceito que alguém possa ter com ele (o pistache aparece pouco, mas isso não tira a graça do prato). Para acompanhar, há pães bem frescos e quentinhos feitos na casa.
O cardápio de almoço é organizado à moda italiana, com "primi" reunindo duas opções de massas e pratos mais leves e "secondi" com cinco alternativas de carnes e preparos mais completos.
O único "primi" fixo é uma deliciosa parmegiana melanzane (R$ 59), servida ao estilo que lembra um bife, vem empanada e crocante, com um leve toque defumado, e um molho de tomate encorpado e saboroso, além de queijo stracciatella, uma combinação excepcional.
No dia da visita havia ainda duas opções de massas: um nhoque com trufas (R$ 82) e um orecchiette (R$62), massa fresca com couve-flor refogada, ervilhas, queijo tulha, uvas-passas, amêndoas torradas e anchovas. A segunda era muito bem servida e cada garfada era uma surpresa com novas texturas e sabores, com o umami das anchovas proporcionando um belo equilíbrio.
Entre as carnes, há opções como um músculo cozido no vinho tinto acompanhado por polenta (R$ 62) e uma copa lombo de porco na brasa (R$ 59).
As sobremesas do Shihoma Deli chamam a atenção de quem chega à casa, expostas no balcão do café. A crostata de frutas vermelhas (R$ 32) foi um belo encerramento da refeição. Uma massa fina e crocante que se desfazia ao toque, recheada generosamente com creme de frutas e coberta com um creme de leite batido.
O Shihoma mudou o patamar de qualidade de massas frescas de alta qualidade servidas sem muita pompa, a versão de bolso da casa consegue oferecer comidas com a mesma qualidade e de forma mais simples e acessível.
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