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Cozinha criativa do Josefa no Paraíso passa longe do tédio ao paladar

Releituras de clássicos e influências variadas marcam o cardápio de Bel Crozera e Tainá Maia

São Paulo

O ambiente aconchegante e decorado para lembrar uma casa de vó, evocando sentimentos de nostalgia, pode até dar uma sensação de conforto e tranquilidade, mas não se deve esperar monotonia do que sai da cozinha. Criatividade e ecletismo afloram no Josefa no Paraíso com releituras e criações que permitem uma refeição sem um minuto de tédio ao paladar.

A imagem mostra um prato com dois croquetes empanados e fritos, cobertos com uma mistura de ervas frescas, incluindo folhas verdes e tiras de cebola roxa. A base do prato parece ter um molho claro, possivelmente de tahine ou similar. O fundo é desfocado, mas sugere um ambiente de refeição.
Abacate crocante com creme de castanhas e wassabi do restaurante Josefa no Paraíso - Reprodução/ @josefanoparaiso no Instagram

O cardápio criado pelas chefs Bel Crozera e Tainá Maia se destaca especialmente em pequenos pratos que podem ser compartilhados, uma tendência nos restaurantes de São Paulo. A proposta inclui combinações diferentes e inovações em cima de clássicos de variadas influências gastronômicas.

É o caso da broa de milho servida com patê de fígado, coração de galinha e salada de ervas (R$ 50), que equilibra a familiaridade do pãozinho com o sabor marcante de vísceras com suavidade e delicadeza. O abacate crocante (R$ 38) surpreende com um creme que lembra guacamole, mas é servido quente e empanado e com molho de castanha de caju, wasabi e salada de hortelã, em uma combinação que funciona muito bem.

Mais ousado, mas sem convencer tanto, o bolovo mar e terra (R$ 38) adapta a receita tradicional de bolinho frito de carne recheado com ovo em uma mistura diferente. Ele vem com metade da esfera com carne de porco e a outra com uma massa de camarão, mas que acaba com sabor que não se destaca nem por um nem por outro, e que se diferencia mais pela textura. É saboroso, mesmo assim, e combina muito bem com a ótima maionese de picles que acompanha.

O cardápio criativo tem ainda um guioza (R$ 38) recheado com aipo com shimeji, amendoim e hortelã, que também é diferente e funciona muito bem.

Entre preparos tradicionais, o menu tem um bom steak tartare (R$ 70), bem pedaçudo e com tempero que não esconde o sabor da carne. É servido com as ótimas batatas fritas da casa, cortada em tiras maiores do que as de uma batata palha, mas bem crocantes, e de salada.

Passando das pequenas porções, o Josefa também serve refeições em pratos individuais, com menos destaque. Um ravióli de cavaquinha (R$110) tem a massa muito bem cuidada coberta com molho cremoso feito das cascas do crustáceo "primo" da lagosta e coberto com farinha de pão tostado que dá vida e textura ao bom prato. Há ainda uma bochecha de porco (R$ 77) preparada lentamente e que é muito macia e é acompanhada por um molho bem encorpado e por uma salada bem refrescante.

O prato mais simples é também o menos interessante do cardápio. O entrecôte de porco (R$ 79) com fritas, molho béarnaise e salada com toque de erva doce foi servido além do ponto e com a carne dura e sem muito sabor, e se salvou somente pelo reprise das ótimas batatas da casa com o bom molho.

Mas a sobremesa volta a salvar a refeição, mais uma vez com uma combinação de algo que parece óbvio em uma releitura nova. O pavê (R$34) vai muito além da receita da vovó e é mais ousado, com chocolate amargo, um toque levemente salgado e uma bela combinação de texturas com biscoito amanteigado bem saboroso.

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