São Paulo tem a sorte de ter de volta um dos grandes chefs que por aqui passaram: o italiano Luciano Boseggia, que assumiu as panelas do Verbena, do hotel Transamerica.
Nascido na Lombardia, ele foi o primeiro chef do restaurante Fasano, onde ficou por 14 anos. Depois empreendeu uma carreira errática, que voltou a brilhar recentemente —mas no Rio de Janeiro, num bem sucedido restaurante, até a venda do hotel onde ficava.
No Transamerica, ele executa uma cozinha sem surpresas —o que não é nenhum problema: os que conhecem sua habilidade ficarão felizes em reencontrá-la.
O hotel, que ganha mais vida e movimento nos muitos eventos que ali acontecem, é frio e distante, e seu restaurante, bem caro.
Quem, no entanto, se dispuser a saltar esses obstáculos para reencontrar a cálida cozinha de Boseggia, será premiado ao provar a polenta com ragu de timo (glândula que, chamada de molleja, quase só encontramos em parrillas) e ovos de codorna (R$ 75), uma preciosidade; ou como entrada do mar, tentáculos de polvo crocante com brócolis (ah, se estivessem também crocantes) e batatinhas (com discreto toque de páprica, R$ 80).
É também chance de reencontrar os impecáveis risotos do chef (como o de açafrão e cogumelos porcini, R$ 95). E massas clássicas como os tortelli recheados com abóbora e amaretto ao molho de manteiga e sálvia (e mais mostarda de Cremona, R$ 82).
Seu famoso bife à milanesa custa inacreditáveis R$ 140 (mas é costeleta de vitelo mesmo, americano). O fragrante ossobuco (também de vitelo americano), com risoto de açafrão, brilha em seus temperos à moda da Lombardia, equilibrando vinho branco, ervas e casca de limão (R$ 140).
Mas aí chega à mesa um desastroso prato de espaguete artesanal com camarões, lagosta, vieiras e lulas (R$ 92): com molho já seco, tudo é passado do ponto, da massa à pobre lagosta, em tardio rigor mortis. Inexplicável.
Para esquecer, só mesmo pedindo um tiramisù (R$ 35), que nas mãos de Boseggia nunca teve erro.
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