No Kyokuto, comem-se pratos fumegantes e, ainda que a picância seja tímida em receitas que pressupunham mais punch, são preparos capazes de aquecer —corpo e alma.
Bom para compensar certa frieza do espaço, que merecia ares mais acolhedores. Pé-direito alto, aspecto industrial e luz branca sobre a cozinha não ajudam a confortar.
O nome da casa, que quer dizer Extremo Oriente, sinaliza a direção do cardápio, com preços contidos (entradas variam de R$ 9 a R$ 16; principais, de R$ 20 a R$ 30) e autoria do dono, Rafael Dalla, 32.
Por ora, os pratos passeiam pela Coreia e pelo Japão —afastam-se dos peixes crus e se aproximam de uma cozinha quente, mais corriqueira. No jantar, as entradas ganham reforço e podem virar uma refeição.
Sai-se bem o karaage, coxa e sobrecoxa de frango, em nacos úmidos empanados com delicadeza e fritura exemplar (R$ 9). O mesmo não se repete no robusto croquete de batata e cogumelos (R$ 9, a dupla), no qual sobra gordura.
Vale pinçar a berinjela chapeada na frigideira, besuntada em pasta de soja coreana e pimenta (R$ 12). A barriga de porco com kimchi (o pilar da cozinha coreana, acelga fermentada e apimentada) deve em untuosidade e perde, portanto, na textura. Mas ganha graça ao ser embalada em folhas de gergelim, mentoladas, com uma pujante pasta de pimenta coreana (R$ 12).
O kimchi também marca presença no arroz frito, de grão curto, com lombo de porco em cubos macios. Sobre ele, o ovo frito daria mais cremosidade ao prato se a gema estivesse inteira molinha (R$ 25).
Conforta e acolhe o shoyu lamen, cujo caldo, rico em colágeno, tem sabor profundo, enriquecido com o molho de soja, aproveitado do cozimento do porco (R$ 27). Este também integra a receita, na companhia de massa, brotos, ovo cozido, alga nori e cebolinha.
Dalla deve incorporar, em breve, receitas chinesas e, previstas só para o verão, as vietnamitas já estão em teste. Fiquemos de olho.
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