Não se fala muito bem português no salão do Bawarchi, restaurante indiano na Vila Mariana acessado por uma escada mal-ajambrada, que pode causar curiosidade ou certa repelência.
Paredes grafitadas, com quadros de imagens de deuses hindus, cercam o espaço suspenso, cuja particularidade é servir pratos clássicos da Índia feitos por indianos.
Do forno tandoor, que faz referência a um vaso de barro aquecido ao calor do carvão, saem carnes assadas e o pão naan, uma perdição que basta para fazer valer a visita. Em sua parede, que alcança temperatura de 400ºC, abre-se manualmente sua massa elástica que, em segundos, ganha tostado sedutor.
Podem ser besuntados em chutneys como o de hortelã, que combina coentro, cominho, pimenta-verde e iogurte e resulta mentolado, com frescor singular; ou o de tamarindo, provocantemente ácido, com leve dulçor. São os mesmos que enriquecem as samosas, pastéis fritos (R$ 13,90, quatro unidades) que poderiam sair-se melhor se acolhessem recheios mais úmidos —ambos são secos, seja o de vegetais ou o de frango (e a massa idem).
Também são excessivamente secas —e portanto rijas— as almôndegas de carne de carneiro, fritas e cozidas, de sabor forte, temperadas com especiarias, das quais saltam canela e cravo (R$ 45,90). Dão-lhes graça, porém, o molho no qual são embebidas, com tomate, gengibre e garam masala da casa, uma mistura de especiarias.
A mesma serve de tempero para o peito de frango marinado em molho de iogurte, o murg tikka masala (R$ 37,70), vibrante e mais atraente, a combinar elementos como tomate, páprica, alho, gengibre.
O curry vegetariano (R$ 31,70) traz vagem, ervilha, cenoura e couve-flor meio chochas, como se demasiadamente cozidas, mas sai-se muito bem o creme que os embala, com cebola, tomate, amendoim e castanha-de-caju.
O molho, aliás, surge em destaque também no saagwala jhinga (R$ 52,90). Recebe especiarias, espinafre e creme de leite e é capaz de dar encanto aos camarões mirrados e ultracozidos.
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