Confira os destaques dos cinco restaurantes paulistanos no 50 Best latino

A Casa do Porco, D.O.M, Maní, Evvai e Mocotó integram a lista

A Casa do Porco Keiny Andrade/Folhapress

São Paulo

Se existe uma premiação que está para a gastronomia como o Oscar está para o cinema, ela é o 50 Best Restaurants. 

Publicado pela britânica William Reed Business Media e lançado em 2002, o ranking global também tem versões continentais (a asiática e a latino-americana, lançadas em 2013) e, desde 2009, uma etílica, o World’s 50 Best Bars. 

No último dia 10, foi anunciada a edição latino-americana de 2019 da famosa lista.

Como não poderia deixar de ser, alguns dos principais endereços paulistanos aparecem na relação, que também teve novidades. 

A principal foi a consagração d’A Casa do Porco, de Jefferson Rueda, como o melhor restaurante do país, em 6º lugar. Ele também é o único brasileiro no guia mundial atual, em 39º.

Mesmo que não esteja mais no topo, o D.O.M. se manteve no top 10, agora em 10º lugar. Outras presenças tradicionais na lista, o Maní, de Helena Rizzo, e o Mocotó, de Rodrigo Oliveira, aparecem em 18º e em 43º, respectivamente. 

Novato, o Evvai, de Luiz Filipe Souza, estreou em 40º. Foi um ano bom para a casa, que também ganhou a primeira estrela Michelin.

A votação do ranking é formulada a partir de um júri composto por mais de 250 jornalistas, foodies, chefs e restaurateurs da América Latina, com a mesma proporção de mulheres e homens. O crítico da Folha, Josimar Melo, é presidente do júri do Brasil do prêmio.

Cada jurado deve votar em dez diferentes casas, visitadas ao menos uma vez nos últimos 18 meses, sendo quatro delas em países que não são o seu de origem.

A seguir, saiba o que torna cada uma dessas casas tão especial. E bom apetite.

O Brasil no ranking
Saiba quem aparece na edição latino-americana do 50 Best:

6º: A Casa do Porco 
10º: D.O.M. 
18º: Maní 
40º: Evvai 
43º: Mocotó 

 Também aparecem os cariocas Oteque (23º), Lasai (24º) e Olympe (35º); e o curitibano Manu (42º).

A CASA DO PORCO

Não faz muito tempo que a carne de porco sofria com preconceito. Por isso, chamou atenção quando, em 2015, o chef Jefferson Rueda abriu uma casa na qual o insumo suíno era a grande estrela —e ainda fez questão de destacá-lo no nome do local.

Rueda, que já era estabelecido como chef, deixou o elegante Attimo, um italiano na Vila Nova Conceição, para se aventurar com suas criações porcinas no centrão, na vizinhança do Bar da Dona Onça, comandado pela mulher, Janaina. E arrastou muita gente consigo: desde a inauguração, o restaurante faz sucesso e acumula filas (cada vez maiores, aliás). Tanto, que já em 2016, estreou em 24º no ranking latino do 50 Best; agora, é o 6º.

No ambiente moderninho, com grafites e cozinha envidraçada, é possível para provar o tartar de porco (com tutano e cogumelo; R$ 31) e sushi de porco (com tucupi preto e alga; R$ 31). Para os mais animados, o menu-degustação tem 11 cursos e custa incríveis R$ 129 (sem bebidas).

Quem não estiver disposto a pegar fila —ou só quiser fazer um lanche rápido—, há uma janelinha de onde saem sanduíches como o misto-quente (com presunto real e queijo Pardinho; R$ 17).

Algo que garante a qualidade do que se come, é que quase tudo é feito ali. Isso se estendeu aos outros negócios da família, a lanchonete Hot Pork e a Sorveteria do Centro, também com preços camaradas e na mesma região.

A cara d’A Casa do Porco
 
Porco San Zé: No carro-chefe do local, o bicho é assado por até oito horas e vem com acompanhamentos como tutu de feijão ou quibebe (R$ 57 por pessoa).
 
Torresmo de pancetta: Servido com goiabada picante, ficou tão famoso que já ganhou versões pela cidade (R$ 36).

 

R. Araújo, 124, República, tel. 3258-2578. 57 lugares. Seg. a sáb.: 12h às 23h. Dom.: 12h às 16h. Não aceita tíquetes.

D.O.M

É inegável a importância de Alex Atala e do D.O.M. para a gastronomia brasileira. No ano em que seu principal restaurante completa o 20º aniversário, o chef ainda é o embaixador global da nossa gastronomia.

Foi Atala quem colocou o país no mapa da cozinha mundial. Por anos, de 2011 a 2015, a casa esteve entre as dez melhores do mundo no 50 Best. Até hoje, está no top 10 do ranking latino-americano, em 10º. No mundial, está em 54º.

Fez isso ao trazer ingredientes e técnicas regionais, em especial as indígenas, à maior metrópole da América do Sul e combiná-las à sua bagagem na culinária internacional —ainda hoje é famoso seu aligot, um purê de batatas com queijo, de origem francesa. O resultado disso é uma cozinha de alta gastronomia brasileira. 

Não se paga pouco pela experiência de comer no local. Entre as modalidades de menus fechados, há o Optimus (sete pratos mais sobremesa; a partir de R$ 550 na versão tradicional e R$ 415, na vegetariana) e o Maximus (dez pratos mais duas sobremesas; a partir de R$ 700 na versão tradicional e de R$ 535, na vegetariana). 

Para celebrar a efeméride da casa, as receitas estão sendo trabalhados sob um novo tema, batizado de Pré-Descobrimento. Nele, aparecem preparos que os povos indígenas já faziam antes da chegada dos portugueses com ingredientes como mandioca e cogumelos ianomâmi.

A cara do D.O.M.
 
Formiga amazônica: Tratado como iguaria, o inseto é servido de duas formas: avulso e dentro de uma espécie de bolinho de cachaça.
 
Palmito, vatapá, leite de coco e taioba: Na receita, o palmito vira uma trouxinha para conter o recheio.

 

R. Br. de Capanema, 549, Cerqueira César, tel. 3088-0761. Seg. a qui.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sáb.: 19h às 24h. Não aceita tíquetes.

MANÍ

Quando abriu, em 2006, o Maní tinha o comando dividido entre o casal formado pela gaúcha Helena Rizzo e o catalão Daniel Redondo. 

Juntos, os dois desenvolveram uma cozinha contemporânea que tinha como base ingredientes brasileiros —o nome do local vem de uma lenda indígena sobre uma jovem mulher que morreu misteriosamente e reencarnou na forma de plantas.

O Maní estreou na lista dos 50 melhores do mundo em 2013, na 46ª posição, e, em 2014, Rizzo foi apontada como a melhor chef mulher da lista —uma premiação que ocorre junto à do 50 Best global. Atualmente, a casa está em 73º no ranking mundial e em 18º no latino-americano. 

Mesmo com a saída de Redondo em 2017 (agora na rede Rubaiyat), Rizzo manteve a cozinha entregue pela casa viçosa e fresca.

É verdade que comer no Maní pode não ser uma experiência barata —para conhecer o mais recente menu-degustação da chef, paga-se R$ 470; caso escolha harmonização com vinhos naturais, R$ 730. Mas também dá, por exemplo, para gastar R$ 68 em um almoço: durante a semana, há um combinado com salada, prato principal e sorvete.

Tem, ainda, serviço à la carte. Nele estão receitas ícones da casa, como o ceviche de caju com raspadinha de cajuína e cachaça (R$ 46) e a moqueca com pescado ou fruto do mar do dia, terrine de arroz, migalhas do Maní, pirão e azeite de pimenta (R$ 106).

A cara do Maní
 
Ceviche de caju: A marinada ganhou uma versão abrasileirada nas mãos de Rizzo e vem, ainda, com com raspadinha de cajuína e cachaça (R$ 46).
 
Sopa fria de jabuticaba: Delicada, essa entrada também tem lagostim no vapor de cachaça mais picles de couve-flor e amburana (R$ 50).

 

Joaquim Antunes, 210, Pinheiros, região oeste, tel. 3085-4148. Ter. a qui.: 12h às 15h e 20h às 23h30. Sex.: 12h às 15h e 20h30 às 24h. Sáb.: 13h às 16h e 20h30 às 24h. Dom.: 13h às 16h. Não aceita tíquetes. 

EVVAI

Quando o Evvai abriu, em 2017, era comum que a menção ao chef Luiz Filipe Souza viesse acompanhada de dois adjetivos: jovem e pupilo do italiano Salvatore Loi. Duas coisas que Souza de fato é, mas que foram perdendo a relevância conforme seu restaurante crescia.

Sob a mentoria de Loi (hoje no Mondo e no Modern Momma Osteria), ele passou por cozinhas como a do Fasano, Girarrosto, Mozza Bar, Ristorantino e a do Salvatore Loi. Aos 28, herdou a casa que era batizada com o nome do mestre. Em poucos dias, o espaço ganhou nova alcunha e decoração. O primeiro menu foi criado em dois meses.

Em ambiente elegante, apresenta pratos de base italiana, mas autorais e que destacam, cada vez mais, ingredientes nacionais. Essa combinação rendeu à casa reconhecimento internacional: neste ano, ela conquistou a primeira estrela Michelin e estreou em 40º no ranking latino-americano do 50 Best.

Para comer, há serviço à la carte e algumas modalidades de menu, da qual faz mais sucesso o chamado Oriundi (R$ 370). Nas nove etapas, aparecem pratos como o ravióli de porcini (de Santa Catarina) com língua, melaço de cebola e queijo Cuesta.

Atualmente, o local também oferece receitas com trufas brancas até meados de novembro, enquanto durar a temporada do ingrediente na Itália. O preço do menu em cinco etapas é R$ 1.717.

A cara do Evvai
 
Bombomloni de vieira: Servido desde a primeira degustação da casa, tem lardo da Serra da Bocaina (SP), pancs e, agora, tomate fermentado.
 
Picolé de foie gras:
 Novo queridinho, é preparado junto à mesa, com nitrogênio líquido; bele, uma bala de goiaba no palito é coberta por uma terrine do miúdo. 

R. Joaquim Antunes, 108, Pinheiros, região oeste, tel. 3062-1160. 72 lugares. Seg. a qui.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sex.: 12h às 15h e 19h à 1h. Sáb.: 12h às 16h e 19h à 1h. Dom.: 12h às 17h. Não aceita tíquetes. 

MOCOTÓ

Familiar e tradicional, o Mocotó tem uma história antiga. Começou em 1973, com a Casa do Norte Irmãos Almeida, que ficou conhecida justamente pelo preparo do caldo de mocotó de seu Zé, pai do chef Rodrigo Oliveira.

O restaurante começou a chamar atenção quando Rodrigo passou a comandar o negócio, em 2005. Algumas mudanças aqui e ali foram o suficiente para que a típica cozinha sertaneja da casa começasse a atrair gente do mundo inteiro para a residencial Vila Medeiros, na zona norte. 

A combinação de preços populares e sabores nordestinos conquistou, também, o 50 Best da América Latina: o endereço consta na lista desde 2013, quando foi lançada. Estreou em 16º lugar.  Agora, está em 43º. Em 2017, o Esquina Mocotó, onde Rodrigo oferecia cozinha autoral, também estava no ranking —a casa fechou as portas em 2018.

A depender do dia —em especial aos finais de semana—, é preciso estar disposto a enfrentar uma fila de espera para comer no local, que não aceita reservas. 

Entre os pratos, são famosos os dadinhos de tapioca (R$ 16,90, com seis), popularizados por eles. Mas também tem torresmo (R$ 10,90), carne de sol (R$ 59,90), baião de dois (a partir de R$ 18,90). 

Novidade na casa, o drinque I Love Quebrada, com cachaça, amora e limão-siciliano (R$ 28,90), tem parte do valor revertido para um projeto com a ONG Gaia Mais.

A cara do Mocotó
 
Dadinho de tapioca: Se você é fã do petisco, saiba que o cubinho frito de tapioca, leite e queijo de coalho é criação do chef Rodrigo Oliveira (até R$ 26,90).
 
Baião de dois: Feijão com arroz, mas também queijo de coalho, linguiça, bacon e carne seca, o prato servido em quatro tamanhos (R$ 18,90 a R$ 49,90).

Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, região norte, tel. 2951-3056. 124 lugares. Seg. a sex.: 12h às 23h. Sáb.: 11h30 às 23h. Dom.: 11h30 às 17h.

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