Causou expectativa imaginar como seria a volta do chef japonês Tsuyoshi Murakami à ativa. Afinal, ele ficou conhecido pelos pratos inusitados durante seus anos no restaurante do sogro, o Kinoshita, na Liberdade. E quando este se tornou um endereço refinado na Vila Nova Conceição, ele passou a servir menus da sofisticada cozinha tradicional sem abandonar a presença irreverente no salão.
Depois de um período afastado, ele agora abriu a casa que leva seu sobrenome. É diferente da maioria dos restaurantes japoneses da cidade, e, no entanto, calcado na tradição.
O espaço é moderno e despojado, dominado por um longo balcão —não há mesas, apenas 12 lugares (eventualmente podem virar 16). A equipe diminuta é dominada pela família do chef, que trabalha com a mulher, Suzana, e o filho, Jun. O menu é fixo (degustação de seis etapas), e muda a cada noite. Tudo muito japonês.
As reservas são para horários pontuais —às 18h e às 21h. Não há balbúrdia possível na cozinha aberta: os pratos saem harmonicamente, todos ao mesmo tempo. Inclusive o arroz, que acompanha o último prato salgado, e que sai glorioso e fumegante da panela na qual acabou de ser feito.
Fincados em preparações tradicionais do Japão, os pratos, preparados com precisão, têm também intervenções autorais que potencializam seu interesse —uma pimentinha vermelha, um peixe brasileiro, uma ameixa em conserva com o robalo.
Como o menu varia, só resta torcer para que, ao visitar o restaurante, estejam em cartaz o sashimi de ouriço do mar com pimentão vermelho; a vieira e crocante de tempurá ao limão e shoyu; o robalo com ume, baby alcaparras e shissô; o wagyu marinado no missô e grelhado no carvão; e até o mochi recheado com doce de feijão azuki.
Comparado aos poucos japoneses que servem um menu fixo e sofisticado como este, o preço do Murakami é baixo —R$ 300. Também há itens adicionais que podem ser pedidos à parte, como caviar beluga (R$ 245, 7,5 g), trufa branca (R$ 50, 1 g) e marisco branco (R$ 50).
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